Na iminência de deixar o cargo, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, tem procurado poupar o presidente Jair Bolsonaro e e seu filho Carlos em declarações públicas. Mas deixa vazar à imprensa, por meio de interlocutores, que poderá revidar.
Neste domingo (17), Bebianno deu declarações à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo . Ele disse que aguarda o desfecho da sua situação no ministério para, a partir disso, “esclarecer a verdade”. Ainda em entrevista à Folha, Bebianno disse que deve falar à imprensa depois de deixar o cargo. “Eu não vou sair com pecha de bandido, de patrocinador de laranjais ou de traidor”, afirmou. As declarações, entretanto, não seriam relacionadas ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) porque, na opinião do ministro, “o Brasil não merece isso”. “Eu não tenho nada a declarar sobre o presidente”, disse, à Folha.
Mais cedo, o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiou que Bebianno teria dito a interlocutores que Bolsonaro é “uma pessoa louca” e “um perigo para o Brasil”. “O problema não é o pimpolho. O Jair é o problema. Ele usa o Carlos como instrumento. É assustador”, teria dito o ministro em referência a Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente e vereador pelo Rio de Janeiro.
À Folha, Bebianno negou as declarações. “Nunca falei nada parecido sobre o presidente”, disse o ministro a Mônica Bergamo.
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Mais declarações
Ainda neste domingo, outras supostas declarações de Bebianno a interlocutores vieram a público. Em seu blog no portal G1, Gerson Camarotti noticiou que o ministro teria dito a pessoas próximas que está arrependido por ter trabalhado pela eleição do presidente. “Preciso pedir desculpas ao Brasil por ter viabilizado a candidatura de Bolsonaro. Nunca imaginei que ele seria um presidente tão fraco”, teria afirmado. O ministro foi coordenador da campanha de Bolsonaro.
Já ao jornal O Estado de S. Paulo , interlocutores de Bebianno apontaram que ele estaria se sentindo“traído e abandonado” – e que, por isso, iria expor “cartas na manga” que tem contra Carlos Bolsonaro. Segundo a reportagem do Estadão, porém, as revelações viriam somente após a saída de Bebianno do cargo.
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Entenda o caso
Segundo revelações do jornal Folha de S. Paulo, Bebianno seria um dos centros de um esquema de candidaturas de laranjas pelo PSL nas eleições de 2018. Em Pernambuco, reduto eleitoral do presidente do partido, Luciano Bivar , uma candidata laranja teria recebido R$ 400 mil de dinheiro público. Bivar e o presidente do diretório da legenda em Pernambuco, Antônio de Rueda, culparam Bebianno pela liberação dos recursos. Já o ministro nega irregularidades e afirma que não conhece a candidata sob suspeita.
Marcelo Alvaro Antônio, ministro do Turismo, também foi citado pela Folha porque teria patrocinado um esquema de candidaturas de fachada em Minas Gerais. No último sábado, Bebianno disse estar “perplexo” com a diferença entre o tratamento que está recebendo e o destinado pelo presidente ao ministro do Turismo.
O Secretário-Geral deve ser exonerado na segunda-feira (18), após críticas públicas de filhos do presidente endossadas por Jair Bolsonaro.
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