Parlamentar com melhor desempenho nas pesquisas sobre sucessão presidencial entre os 594 deputados (513) e senadores (81), Jair Bolsonaro (PSC-RJ) não irá disputar uma eventual eleição indireta no colégio eleitoral do Congresso se o presidente Michel Temer deixar o cargo. Ele sabe que, ali, não tem chances. No seu sétimo mandato na Câmara, não teve posições de destaque ao longo desses anos: não foi líder de partido, não relatou matérias de grande repercussão e colecionou desafetos pelas posições radicais e postura de enfrentamento com opositores, além de defender causas polêmicas.
“Não devo me candidatar [na eleição indireta] por se tratar de um jogo de cartas marcadas entre PMDB, PT e PSDB”, diz Bolsonaro, que nega não ter feito amigos ao longo desses anos no Parlamento. “Fiz muitos amigos sim”.
Bolsonaro tentou três vezes ser presidente da Câmara. Sem sucesso, e com votações baixíssimas. Amargurou a lanterna em todas as disputas. Em 2005, teve apenas dois votos. O vencedor foi Severino Cavalcanti (PP-PE). Em 2011, sua votação foi de nove votos. Michel Temer, do PMDB, foi vitorioso. Em 2017, caiu para quatro votos. Rodrigo Maia (DEM-RJ) saiu vencedor.
“Foram eleições para marcar posição. E a de 2005 não conta. O objetivo ali era derrotar o Greenhalgh (Luiz Eduardo Greenhalgh, do PT) e eleger o Severino”.
Seu desempenho nas pesquisas para o Planalto atraiu adesões de colegas da Câmara. Hoje, tem o apoio de mais parlamentares que o total dos 15 votos para presidente da Câmara obtidos nas três eleições. De olho nas próprias reeleições em 2018, vários deputados aderiram a Bolsonaro e já o convidaram para viajar a seus estados.
Nesta quinta (25) e sexta (26), por exemplo, Bolsonaro está Maringá e Londrina, a convite do deputado paranaense Fernando Francischini (SD). Já foi a cidades goianas a pedido do Delegado Waldir (PR-GO). E também já visitou Blumenau (SC) e Jaraguá do Sul (SC), levado pelo deputado Rogério Peninha (PMDB-SC).
O deputado Lincoln Portela (PRB-MG) também o apoia e vai dar palanque a ele em Minas Gerais. “Por quê não conversarmos? Ele representa algo diferente do que vimos nos últimos trinta anos”, disse Portela.
Bolsonaro, nessas cidades, cumpre rotina de candidato, por mais que diga tomar cuidado para não aparentar essa condição. Indagado sobre quantos votos estima que teria se fosse candidato numa eleição indireta no Congresso Nacional, o parlamentar acha cedo para fazer essa conta.
“Primeiro tem que esperar acontecer. Ver se o Temer cai ou não. Não dá para discutir a partilha de bens com o moribundo ainda na cama”, disse à Gazeta do Povo.
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