A diretora da área de Energia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marilene Ramos, afirmou que o banco de fomento deixou de desembolsar R$ 25 bilhões para projetos de infraestrutura no ano passado devido à deterioração das empresas envolvidas na Operação Lava Jato e das próprias concessões em meio à crise econômica.
“Emprestamos R$ 30 bilhões, teriam sido R$ 55 bilhões não fosse essa situação”, disse Marilene, durante apresentação no Fórum de Investimentos Brasil 2017.
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A conta leva em consideração financiamentos que estavam prontos para serem assinados, o que não ocorreu por conta da piora nas condições de crédito dessas companhias em decorrência das investigações sobre corrupção e por conta do efeito da crise sobre os projetos.
“O BNDES tem de zelar pelo recurso público”, disse, ao defender a não liberação do financiamento. Ela admitiu que essa dificuldade gerou uma “angústia natural”, mas argumentou que não havia como fazer mudanças necessárias, como a troca de controladores, “da noite para o dia”. “Envolve leniência, negociações”, disse. “É o tempo que o país precisa (...), mas começamos a ver as soluções acontecerem, a saída de controladores que não têm condições (...) Vamos resolvendo o passado e financiando os projetos”, acrescentou.
Perguntada se a dificuldade para a liberação de financiamentos a esses projetos teria motivado as reclamações do empresariado quanto ao baixo volume de crédito liberado, ela disse ser “compreensível que essa ansiedade acabe contaminando a percepção sobre os motivos pelos quais os desembolsos foram resolvidos”, mas lembrou que todos os outros bancos tiveram seu portfólio reduzido no último ano. “Há uma tendência a não ter essa visão mais abrangente e buscar um único culpado”, disse.
Para ela, o que trará alivio para os empresários será a solução dada às questões que estão travando o crescimento, principalmente a chegada de novos investidores para substituir essas empresas que não têm condições mais de levar os projetos adiante.
Aprendizado
“Não podemos perder oportunidade de aprender com erros”, acrescentou Marilene. Ela criticou o fato de que as concessões de infraestrutura leiloadas no passado não previram como absorver o impacto de uma potencial crise, mas avaliou que os últimos projetos licitados já passaram por mudança. “Olhar no passado nos permite traçar futuro melhor e modelar melhor”, disse.
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