O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisou desviar sua rota para driblar nesta terça-feira (24) um grupo de cerca de 20 apoiadores do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) que o esperavam às margens do Rio Doce, em Minas Gerais.
Usando camisetas com fotos de Bolsonaro e exibindo um boneco de Lula caracterizado de presidiário, os manifestantes xingavam o ex-presidente diante da calçada onde estava programada a chegada da caravana do petista à cidade de Governador Valadares.
Os eleitores de Bolsonaro carregavam uma faixa pedindo que os motoristas buzinassem em protesto à presença de Lula na cidade.
Previamente informado, Lula tinha deixado o ônibus da caravana e usou um carro de passeio para chegar pelos fundos ao palanque montado à beira do rio. Quando os dois ônibus da caravana estacionaram no ponto originalmente estabelecido, os demais integrantes da comitiva saltaram em meio a gritos de simpatizantes de Bolsonaro e militantes petistas.
Mas Lula já estava ao lado do palco e assistia à apresentação de índios sobre o impacto do rompimento da barragem da Samarco na vida da população ribeirinha.
Ao discursar, Lula comentou a presença de manifestantes, segundo ele “um pessoal com bandeiras amarelas”. “Certamente as pessoas estão devidamente preparadas porque os tucanos levaram um tiro de garrucha e caíram todos”.
Mas o protesto foi convocado por eleitores de Bolsonaro. O presidente regional do PEN, Ricardo Pedrosa, era um dos organizadores do ato. Com um microfone, chamava o ex-presidente de ladrão.
Já no palco, Lula contou ter sido alertado para o risco de hostilidade. “Quando a gente estava organizando a caravana, tinha gente que disse que não deveríamos passar por aqui porque o clima não estava bom, que o povo estava bravo com o PT, com o Pimentel”, admitiu Lula.
Ele ressaltou, no entanto, que não se “faz política apenas quando as coisas estão boas”. Lula lembrou uma visita que fez à cidade em 1989, quando lançaram pedras em seu carro de cima de uma ponte. E disse nunca ter se esquecido deste incidente.
Ele recomendou ainda que a ex-prefeita de Governador Valadares Elisa Costa “não baixe a cabeça” por ter sido indiciada pelo Ministério Público por improbidade administrativa.
No ato pela despoluição da bacia do Rio Doce, Lula mostrou uma garrafa de água coletada pelo deputado Rogério Correia ainda com resíduo de metal despejado no rio em decorrência do rompimento da barragem da Samarco.
Ele relatou ter recebido um e-mail da mineradora quando já se encaminhava para o ato. Lula disse que não leu no ônibus para evitar descolamento de retina, mas que um assessor informou se tratar de um relatório sobre as medidas adotadas pela empresa para redução de danos ambientais.
Em outra agenda dedicada ao meio ambiente, ele visitou um viveiro do MST.
Nem um pio sobre Temer
Apesar de estar à véspera de votação fundamental para o destino político do presidente Michel Temer, em nenhum momento Lula defendeu em seus discursos o afastamento do peemedebista.
Diferentemente da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), que, ao seu lado, pregou a volta de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto, Lula não tocou no assunto nos últimos três discursos, limitando-se a críticas às medidas do governo federal.
Na sua passagem por Minas, Lula tem se dedicado à própria defesa e a de seu governo. Ele reafirma a disposição de concorrer à Presidência em 2018. “Não há nada no mundo que me faça desistir”, disse.
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