O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) está vencendo sua primeira guerra de comunicação para se tornar um candidato viável para a Presidência em 2018. Ele é, de longe, o concorrente mais identificado pelos brasileiros como aquele que se opõe ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E, ao encarnar o “anti-Lula”, Bolsonaro cresce nas intenções de voto agregando a simpatia de quem rejeita o petista. A estratégia, porém, é arriscada. Ao mesmo tempo, o deputado aumenta sua rejeição. E pode perder o discurso se Lula não for candidato.
Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado na sexta-feira (28) mostra que 32,2% dos eleitores indicam Bolsonaro como o concorrente que mais representa o “anti-Lula” ou o “anti-PT”. Na segunda posição, vem o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), com 14,5%. Depois aparecem Marina Silva (Rede), com 12,3%; Geraldo Alckmin (PSDB), 7,6%; Joaquim Barbosa (sem partido), 7,3%; Ciro Gomes (PDT), 3,6%; e Alvaro Dias (Podemos), 2,8%.
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Bater para crescer
O diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, afirma que o forte discurso de Bolsonaro contra Lula vem lhe garantindo o crescimento nas intenções de voto, pois o petista tem alta rejeição (55,8%). A mesma pesquisa mostra que o deputado consolidou a segunda posição na corrida eleitoral com índices que variam de 18,7% e 20,8% dependendo do cenário – contra 25,8% e 26,1% de Lula. “Quem não gosta do Lula vai votar em qualquer outro concorrente que evite que ele se eleja presidente.”
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Mas, ao mesmo tempo em que cresce batendo em Lula, Bolsonaro também aumenta sua rejeição, que é de 53,9%. “A estratégia do Bolsonaro é inteligente para ele ir ao segundo turno. Mas, para ganhar a eleição, é diferente. A rejeição alta pesa”, diz Hidalgo.
O diretor do instituto destaca que embora Bolsonaro e Lula tenham índices de rejeição semelhantes, nesse ponto o petista está numa situação melhor. “À exceção do Lula, até agora ninguém ‘apanhou’ [foi alvo de acusações e teve a vida esmiuçada].” Ou seja, quando a “artilharia” começar contra os demais candidatos, a rejeição a eles tende a aumentar e os índices de intenção de voto, a cair.
Falando para o vento
Hidalgo avalia ainda que Bolsonaro, ao ser identificado fortemente como o anti-Lula, pode perder o discurso se o ex-presidente não for candidato. Isso pode ocorrer se o petista for condenado em segunda instância em algum dos processos a que responde.
“Se Lula não concorrer, Bolsonaro perde o discurso e as pessoas vão começar a prestar mais atenção no discurso radical que ele faz”, afirma Hidalgo. O diretor do Paraná Pesquisas acredita que isso pode “desinflar” a candidatura do deputado.
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Hidalgo avalia, porém, que quem mais perde com a ausência de Lula na eleição é o PSDB – que vem polarizando com o PT, desde 1994, as eleições presidenciais. “O PSDB vai virar o alvo preferencial de todos os outros candidatos.”
Metodologia da pesquisa
O levantamento do Instituto Paraná Pesquisas foi realizado entre os dias 24 e 27 de julho, com 20.020 eleitores com 16 anos ou mais de 25 estados brasileiros. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%. Ou seja, se o levantamento for realizado 100 vezes, em 95 os resultados estarão dentro da margem de erro.
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