O presidente Jair Bolsonaro (PSL) recebeu um grupo de jornalistas para um café da manhã no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (28). Ele falou sobre diversos assuntos, como a reforma da Previdência, a demissão de Gustavo Babianno, a polêmica do hino nacional nas escolas, a crise na Venezuela, entre outros. Veja o que Bolsonaro disse de mais importante nesse encontro:
Idade mínima, BPC e pensão por morte
Segundo o portal UOL, o presidente afirmou estar disposto a negociar pontos da reforma da Previdência, conforme deseja a Câmara dos Deputados, a fim de aprovar o pacote de novas regras para aposentadoria, uma das metas do governo federal para este ano.
Um ponto que pode ser revisto é a idade mínima para mulheres se aposentarem, de 62 para 60 anos. Bolsonaro também afirmou que pode rever as mudanças propostas para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, e para a pensão por morte, que poderia passar de 60% para 70%.
O presidente não se comprometeu sobre a aposentadoria rural, que também é alvo de resistências de parte dos congressistas e de governadores.“Há interesse de todo mundo em aprovar. O Brasil pode entrar em uma situação muito complicada”, disse. “Muita coisa vai ser atenuada aí, mas não vai desfigurar a alma da proposta. E tem que haver [a reforma]. Não queremos passar pelo que a Grécia passou, ou Portugal”, disse, de acordo com, relator do UOL.
A base de apoio no Congresso
Bolsonaro não quis se alongar muito quando perguntado sobre a base de apoio ao governo para aprovar a reforma no Congresso. Resumiu a situação dizendo que o apoio está sendo construído. Na terça-feira (26), o presidente se reuniu com líderes partidários para aparar arestas, receber algumas demandas e iniciar um entendimento. Ouviu que ele, Bolsonaro, precisa mudar o discurso e defender mais enfaticamente a reforma da Previdência, o que prometeu fazer.
No café da manhã, o presidente reiterou o compromisso de não negociar cargos, o famoso toma-lá-dá-cá, para obter apoio do Congresso. Segundo o UOL, ele afirmou, sem dar nomes, que recebeu um pedido de ministério, mas que cortou logo a conversa e disse, em tom irônico, que ofereceria a pasta da Economia se o interlocutor encontrasse alguém mais capacitado que o ministro Paulo Guedes.
A influência dos filhos no governo
“Nenhum filho meu manda no governo, não existe isso”, disse o presidente, em virtude da polêmica que cercou a demissão do seu ex-braço-direito Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. O ex-ministro foi ‘fritado’ do governo após o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) publicar um tuíte acusando Bebianno de mentir sobre ter conversado com o pai no hospital e divulgar um áudio particular de Jair Bolsonaro. O episódio causou descontentamento em alas do governo e do Congresso pelo modo como tudo ocorreu.
O presidente disse que não há mal-estar com a ala militar. Uma das possibilidades levantadas durante a crise era a de que os militares teriam desaprovado a suposta influência de Carlos no governo. “Não há nenhum problema com os militares.”
Bolsonaro afirmou que declarações públicas de seu filho Carlos Bolsonaro que possam ter relação com o governo agora passam por sua aprovação. “Tudo passou a ter um filtro da minha parte”, disse.
A demissão de Bebianno
“Lamento o ocorrido, mas não poderia ter tomado outra decisão”, afirmou Bolsonaro ao ser questionado sobre como se sentia em relação ao ex-ministro Gustavo Bebianno. O presidente comparou o fim da relação profissional com Bebianno ao fim de um casamento. “É quase um casamento que infelizmente prematuramente se desfez”.
Bolsonaro acusou o ex-braço-direito de vazar áudios de conversas que tiveram para a imprensa e não perdoou a quebra de confiança. Bebianno caiu com menos de dois meses de governo na esteira das denúncias de supostas candidaturas laranjas do PSL. O ex-ministro, que nega irregularidades, era o responsável pela liberação de verbas de campanha do partido durante a campanha.
A polêmica do MEC sobre o hino nas escolas
O presidente também disse que chamou o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, para uma conversa após ele pedir às escolas que mandassem vídeos de alunos cantando o Hino Nacional e repetindo o slogan da campanha presidencial. “Eu disse a ele [Vélez Rodríguez]: peça desculpas e desfaça”.
Bolsonaro defendeu, porém, a importância de que alunos cantem o hino nas escolas e disse que isso é praticado em muitas nações. Afirmou que o processo deve ocorrer sem doutrinação e fiscalização. E disse que Vélez poderia ter sugerido, por exemplo, que as escolas estimulassem mais a participação dos pais dos alunos no ambiente escolar.
A crise na Venezuela
Indagado sobre a situação da Venezuela e o papel do Brasil no acirramento da crise política, econômica e social do país vizinho, Bolsonaro disse que concordaria em conversar com Nicolás Maduro, mas desde que o ditador se comprometa com um processo de redemocratização.
Segundo o relato de Heraldo Pereira, da TV Globo, reproduzida pelo portal O Antagonista, o presidente disse que cobraria a convocação de eleições livres, com observação internacional e participação ampla da oposição.
A declaração foi dada poucas horas antes da reunião que Bolsonaro teria com Juan Guaidó, autodeclarado presidente interino da Venezuela, que veio ao Brasil nesta quinta-feira em busca de apoio político contra Maduro.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Deixe sua opinião