Depois de dar por encerrada a crise que culminou na demissão do ministro Gustavo Bebianno, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) promete sair a campo em busca de apoio à reforma da Previdência, prioridade absoluta do governo neste início de governo. Ele vai entregar a proposta pessoalmente ao Congresso e deve se reunir com líderes partidários para apresentar o texto com as novas regras de aposentadoria.
O objetivo é costurar a base de sustentação necessária para aprovação da proposta e afastar qualquer rusga que possa ter ficado após a turbulenta eleição no Senado e a crise política que resultou na baixa de Bebianno.
A agenda começa já nesta quarta-feira (20), quando Bolsonaro assina a PEC da Previdência. Ele levará a proposta para ser protocolada na Câmara dos Deputados na companhia do ministro da Economia, Paulo Guedes e se encontrará com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Casa. No mesmo dia está previsto um pronunciamento em rádio e TV para explicar o texto da reforma à população brasileira. Antes, às 15h30, Bolsonaro se reunirá com membros do seu partido, o PSL.
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Já na quinta-feira (21) deve ocorrer um café da manhã no Palácio do Planalto com lideranças partidárias. Todos os líderes de siglas que podem vir a compor a base do governo e aqueles considerados moderados foram convidados. Somente os partidos de esquerda ficaram de fora.
1ª vez que Bolsonaro entra em campo
É a primeira vez que Bolsonaro vai reunir parlamentares para falar da reforma. Até então, a articulação política da reforma da Previdência vinha sendo liderada pelo secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, e pelo deputado federal Major Vitor Hugo, líder do governo na Câmara. Vitor Hugo, porém, teve sua liderança contestada por seus pares após convocar, no início do mês, uma reunião por mensagem no WhatsApp, algo não usual no tratamento com líderes partidários.
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A ideia da reunião com líderes partidários partiu do próprio Vitor Hugo. O deputado esteve reunido com Jair Bolsonaro na quinta-feira passada (14), no Palácio da Alvorada, quando foi batido o martelo sobre o texto final da reforma e a estratégia de comunicação com a sociedade e com parlamentares.
O que dizem os líderes partidários
Na avaliação do líder do PSC na Câmara, o deputado Paulo Martins (PR), o convite poderia ter acontecido antes, mas ainda dá tempo de o governo construir a base aliada. “É um bom sinal (a reunião). Eu acho até que poderia já ter sido feito antes. O governo preferiu fazer assim. Tudo bem. Ainda é possível, está em tempo. Eu vejo como correta a atitude. O governo tem que chamar, tem que aproximar os parlamentares, os líderes e os demais em uma segunda etapa. Dar o senso de pertencimento, de compromisso com o Congresso e aí construir a base sólida para aprovar essas matérias que são delicadas”, afirmou.
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Martins diz que as críticas de parte dos parlamentes à liderança exercida pelo Major Vitor Hugo “é normal”, já que se trata de um deputado em início do primeiro mandato. “São desgastes que ocorrem, mas são todos contornáveis”, completa.
Líder do partido de Bolsonaro na Câmara, o Delegado Waldir (GO) fez questão de destacar que o Parlamento e o Executivo são independentes e que primeiro será preciso o PSL conhecer a proposta, para depois poder defendê-la. “Talvez tenha algum ponto que nós parlamentares não concordemos e então vamos precisar dialogar”, afirmou.
Para aprovar a reforma da Previdência, o governo vai precisar conseguir 308 votos favoráveis na Câmara e 49 no Senado, em dois turnos de votação, já que se trata de uma proposta de emenda à Constituição. Trata-se de três quintos dos congressistas.
Marinho e Guedes continuam via sacra
Enquanto Bolsonaro entra na jogada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o secretário Especial de Previdência, Rogério Marinho, continuam a “via sacra” em prol da reforma da Previdência. Eles vão se reunir com governadores nesta quarta-feira, em Brasília, para apresentar o texto da reforma. Marinho recebe, ainda, integrantes do PSL na quinta-feira.
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Desde o início do governo, Marinho vem recebendo formalmente e informalmente diversos parlamentares para conversar sobre a reforma da Previdência. Já Guedes se reuniu com prefeitos, governadores e com os presidentes da Câmara dos Deputado, Senado e Supremo Tribunal Federal (STF). Mais recentemente, passou a receber os próprios parlamentares para falar da reforma.