O deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) classificou como “delírio” e “loucura máxima” a especulação de que o presidente Jair Bolsonaro migrará para um novo partido no próximo dia 7 de abril. A informação sobre a nova legenda foi divulgada pelo jornal Zero Hora nesta quarta-feira (13).
Segundo a reportagem, as articulações para a próxima sigla do presidente da República estariam sendo conduzidas por Carmen Flores, que foi candidata ao Senado pelo PSL do Rio Grande do Sul nas eleições de outubro, mas que ainda no ano passado deixou o partido.
LEIA TAMBÉM: Bolsonaro sanciona lei que dificulta casamento infantil
“É uma especulação que não tem nenhum fundamento. E a Carmen Flores não tem credibilidade para falar sobre isso. Conversei recentemente com o Eduardo [Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP e vice-presidente da República] e ele falou que não há lógica sair daquele que hoje é o maior partido da Câmara para começarmos em um partido do zero”, disse Nunes.
O Zero Hora relata que o lançamento do novo partido ocorreria no Hotel Dall’Onder, na cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. A Gazeta do Povo entrou em contato com o hotel, que confirmou a reserva do espaço. A estimativa é de que o evento reúna 150 convidados.
Filhos estariam por trás de articulação
O texto da Zero Hora indica ainda que o filho vereador do presidente, Carlos, estaria liderando as articulações nacionais para a fundação do partido, e que Eduardo Bolsonaro teria sido motivado a criar uma nova legenda de direita após viagem aos EUA em que se encontrou com Steve Bannon, ex-assessor do presidente americano Donald Trump.
LEIA TAMBÉM: Governo corta 21 mil cargos e gratificações. Economia será de R$ 195 milhões
A Gazeta do Povo procurou Carlos e Eduardo para confirmar as informações, mas ainda não obteve retorno. A Presidência da República também foi contatada, mas disse que “até o momento, não” está confirmada a ida de Bolsonaro a nenhum evento nessa data no Rio Grande do Sul.
Em 18 de fevereiro último, Eduardo Bolsonaro negou em seu perfil no Twitter a ideia de fundar um novo partido, noticiado por alguns jornais.
Informações de sites e outros estão me incluindo numa possibilidade de formação de novo partido. Informo a todos que não estou participando na formação ou resgate de qualquer partido.
— Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) 18 de fevereiro de 2019
O PSL é o sexto partido da carreira de Jair Bolsonaro. Antes, o presidente da República passou por PSC, PP, PFL, PTB e PDC. Bolsonaro ingressou no PSL em março do ano passado. Até a sua chegada, o PSL figurava entre os menores partidos do país. Hoje, além da presidência da República, tem o governo de três estados (Santa Catarina, Rondônia e Roraima), quatro senadores e 54 deputados federais.
Qual seria o destino?
No mês passado, rumores sobre a ida da família Bolsonaro para outro partido começaram a circular em Brasília. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o destino seria a União Democrática Nacional, que está em fase final de criação e é uma reedição da antiga UDN, partido que fez sustentação aos militares durante a ditadura.
LEIA TAMBÉM: Quem é Carlos Bolsonaro, o filho ‘barulhento’ do presidente eleito
Com esse movimento, os Bolsonaros buscariam preservar seu capital eleitoral diante do desgaste do PSL por causa da suspeita de que a sigla desviou verba pública por meio de candidaturas “laranjas” nas eleições de 2018 . As acusações atingem o presidente da legenda, deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), e o ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, reeleito deputado federal e que presidiu o PSL de Minas Gerais no ano passado.
A nova UDN já teria reunido 380 mil assinaturas para sua criação– são necessárias 497 mil para a homologação da legenda. O partido tem CNPJ e diretórios em nove estados, como exige a legislação eleitoral para a homologação.
Quem é Carmen Flores?
Carmen Flores é empresária no Rio Grande do Sul e foi candidata ao Senado com apoio incondicional de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Ela obteve 1,5 milhão de votos, mas não foi eleita. Quarta colocada, ficou atrás de Luiz Carlos Heinze (PP) e Paulo Paim (PT), eleitos para as duas vagas, e Beto Albuquerque (PSB), o terceiro.
Carmen era a presidente do PSL no estado e se desfiliou da sigla em dezembro passado. Ela recebeu R$ 200 mil da direção nacional do PSL, valor proveniente do fundo partidário, dinheiro público para financiar as legendas e as campanhas eleitorais. Segundo o jornal Folha de São Paulo, parte desse montante foi parar nas contas de familiares, como a filha e a neta. Os pagamentos aparecem em sua prestação de contas à Justiça Eleitoral.
A filha da candidata, Maribel Lopes, recebeu R$ 40 mil pelo aluguel de seis meses de um imóvel com o mesmo endereço da loja de móveis da mãe, em Porto Alegre. Ao lado, funcionou a sede do PSL durante a campanha, local agora vazio. Já a neta da candidata recebeu R$ 1.155,45 para fazer panfletagem na rua, de acordo com os recibos. Além disso foram gastos R$ 34 mil em mesas e cadeiras compradas na própria loja de Carmen.
Questionado sobre o uso do fundo partidário para comprar bens para o PSL, disse que considerava “tudo legal”. Sobre o pagamento a familiares, disse que “não há ilegalidades nas contratações”.
A festa da direita brasileira com a vitória de Trump: o que esperar a partir do resultado nos EUA
Trump volta à Casa Branca
Com Musk na “eficiência governamental”: os nomes que devem compor o novo secretariado de Trump
“Media Matters”: a última tentativa de censura contra conservadores antes da vitória de Trump
Deixe sua opinião