O grupo de aliados que apoia e leva à frente o nome do presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) guarda muita semelhança entre si e com o próprio pré-candidato: eles têm bandeiras conservadoras e populistas. Mas o acompanham também num outro aspecto – o desempenho eleitoral. Eles são bons de voto. Alguns, campeões de sufrágio em seus redutos.
No Congresso, a linha de frente de Bolsonaro é, de forma integral, composta pela turma da Bancada da Bala. Campeão de voto na última eleição, no Pará, o Delegado Éder Mauro (PSD) é o porta-voz do candidato no seu estado. O levou a Belém e outra regiões, ao Círio de Nazaré e espalhou cerca de 40 outdoors em apoio a Bolsonaro. Mauro obteve 260 mil votos em 2014 e fez campanha prometendo colocar bandido na cadeia e liberação do porte de arma, uma bandeira do atual presidenciável.
Éder Mauro já se envolveu em confusões na Câmara e, há três semanas, quase trocou socos com o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) durante uma audiência na Câmara. Ele já foi alvo de uma representação no Conselho de Ética, acusado de editar um vídeo de uma fala de Jean Wyllys (PSOL-RJ), um defensor das causas LGBT no Parlamento. Mas o caso foi arquivado.
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Outro deputado, o Delegado Waldir (PR-GO), também está fechado com Bolsonaro. É outro parlamentar com maior votação em seu estado, com quase 275 mil votos. Waldir se elegeu pelo PSDB e já anunciou que vai trocar o PR pelo Patriota, de Bolsonaro, na janela eleitoral do ano que vem. Foi eleito com o slogan, aproveitando seu número 4500: "45 é o calibre e 00 é da algema".
Num bate-boca na CCJ da Câmara, sobre intervenção militar no país, repetia em voz alta: "Bolsonaro vem aí! Bolsonaro vem aí!". E já justificou seu apoio assim: "Tivemos uma presidente terrorista (Dilma). Um presidente sociólogo, que defende a liberação da maconha (Fernando Henrique). Agora, chega! Tá na hora de mudar e colocar um presidente disciplinador e que entenda de hierarquia. E é o Bolsonaro".
Dois deputados de Santa Catarina também ligados à turma da bala apoiam Bolsonaro. Rogerio Peninha Mendonça (PMDB-SC) foi o cicerone do presidenciável no seu estado, há alguns meses. Essas recepções dos parlamentares apoiadores começam sempre no aeroporto de cada capital, com centenas de presentes e ovações e gritos de guerra do tipo "mito!".
Peninha é ligado a clubes de tiros. Recebeu convite para seguir para o Patriota. Foi o quinto mais votado do estado, com 138 mil votos. É autor do projeto que facilita o acesso a armas no Brasil e, nas suas redes sociais, postou mensagens como: "vá a um clube de tiro, é mais seguro que um shopping center" e também "item obrigatório deveria ser uma pistola, e não um extintor; é mais fácil você ser assaltado que seu carro pegar fogo".
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João Rodrigues (SD-SC), segundo deputado catarinense mais votado, com 221 mil votos, é outro incentivador do presidenciável. Para ele, Bolsonaro está em segundo nas pesquisas porque "está falando a língua do povo". Ele se disse impressionado com o número de outdoors espalhados de forma espontânea em apoio ao deputado do PSC e até sugere uma chapa entre o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e Bolsonaro de vice.
"Bolsonaro faz o que o povo espera de um homem público, tem coragem de enfrentar os desmandos e colocar regra, freio. Tem o Meirelles candidato, tem o Geraldo Alckmin. Mas numa chapa dessa precisa de um para colocar ordem no país", disse Rodrigues, outro parlamentar que teve um entrevero com Jean Wyllys, que o acusou de assistir a vídeo pornô dentro do plenário. O fato foi negado por Rodrigues.
Bolsonaro tem também apoio do deputado Capitão Augusto (PR-SP), conhecido por andar com a farda da Polícia Militar pelos corredores do Congresso. No Senado, Magno Malta (PR-ES) não só está com o presidenciável como já manifestou desejo de ser seu vice na chapa.
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