![Brasil despenca 17 posições em ranking de corrupção. Por que será? Manifestantes jogam tomates em fotos de políticos durante protesto em frente da Justiça Federal de Curitiba, em dezembro de 2016: Brasil ocupa 96ª posição em ranking de percepção da corrupção. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo](https://media.gazetadopovo.com.br/2018/02/c9503c33b8f6facff915537149e73fd0-gpLarge.jpg)
Quando o assunto é combate à corrupção, o Brasil está atrás de 95 países do mundo. É o que aponta o Índice de Percepção da Corrupção (IPC), medido pela Transparência Internacional e divulgado nesta quarta-feira (21). Em 2017, o país passou para a 96ª colocação no ranking, caindo 17 posições em relação ao ano anterior, quando estava em 79º lugar. Os dados apontam que o índice brasileiro ficou com 37 pontos em uma escala que varia de 0 a 100, sendo o zero a alta percepção da corrupção e o 100 a elevada percepção de integridade.
O resultado é 3 pontos menor que o do ano anterior, e fez com que o Brasil fosse ultrapassado por países como a Argentina. Se considerarmos apenas o BRICS, o país fica, agora, somente à frente da Rússia (veja infográfico). O índice brasileiro, além disso, é inferior à média das Américas (44 pontos) e à de todo o mundo (43 pontos).
A tendência de queda no índice brasileiro não é de agora. De 2014 para cá, o IPC brasileiro caiu 6 pontos, fazendo com que o país despencasse 27 posições no ranking. Isso não significa, entretanto, que o problema da corrupção tenha de fato aumentado nesse período, mas sim que ele pode ter se tornado mais visível para a sociedade.
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“Quando o país começa a enfrentar a corrupção de maneira séria, ele acaba trazendo à luz o problema em toda a sua dimensão. É um grande avanço, mas gera esse efeito inicial de agravamento da percepção da corrupção”, explica Bruno Brandão,representante da Transparência Internacional no Brasil.
Em 2016, entretanto, o IPC brasileiro apontava para certa estabilização, o que sinalizaria uma nova fase no processo de combate à corrupção. “Se os mecanismos de combate persistem, a percepção começa a se reverter, fazendo com que o índice volte a subir”, afirma Brandão.
Os dados de 2017, no entanto, frustraram as expectativas – e acenderam um sinal de alerta. De acordo com Brandão, a nova queda no IPC significa que os mecanismos de combate à corrupção, fortalecidos nos últimos anos, podem estar em risco. “Essa ameaça vem dos próprios políticos, que sempre estiveram impunes e agora se sentem acuados diante das investigações”, diz.
Resposta aos maus resultados
Além do lançamento da pesquisa, a Transparência Internacional também apresentou, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), o pacote “Novas medidas contra a corrupção”. Formado por 80 propostas – entre projetos de lei , emendas constitucionais e resoluções administrativas –, o pacote fica aberto para consulta pública a partir desta quarta, pelo site da organização.
Brandão explica que a intenção do pacote é incentivar melhorias nas instituições e práticas brasileiras, tendo como inspiração as 10 medidas contra a corrupção lançadas por iniciativa do Ministério Público Federal. “As novas medidas ampliam o escopo do projeto anterior, atingindo também assuntos como a corrupção no setor privado e questões de transparência pública. Por outro lado, algumas propostas, que foram consideradas excessivas, foram retiradas do pacote”, diz.
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Antes de serem colocadas para debate entre os cidadãos, as novas medidas foram construídas a partir do que a Transparência Internacional considera como as melhores práticas de combate à corrupção. Depois, as propostas foram adaptadas à realidade do país por membros da FGV. Além disso, para fortalecer as proposições, outras 300 instituições brasileiras foram consultadas.
Como funciona o IPC
A pesquisa da Transparência Brasil é embasada na percepção de especialistas e executivos de empresas a respeito da corrupção nos diferentes países do mundo. Para construir o IPC, são utilizadas até 13 fontes de dados em cada território, criando um padrão, com a escala de 0 a 100, para que seja possível comparar as nações.
“Medimos a percepção porque, fundamentalmente, a corrupção é um fenômeno oculto, difícil de ser mensurado empiricamente”, explica Brandão. Além disso, a escolha por medir a percepção de especialistas, e não do cidadão comum, busca evitar que os resultados sejam contaminados por fatores contextuais, como o aparecimento de grandes escândalos de corrupção, por exemplo.
Em 2017, quatro países foram incluídos no ranking. No total, a pesquisa de 2017 mediu o IPC de 180 territórios no mundo.
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