O Ministério de Minas e Energia (MME) declarou que pretende retomar o plano de construir entre quatro e oito novas usinas nucleares no país. A informação foi confirmada por meio de nota enviada pelo ministério, ao defender a conclusão de Angra 3, no Rio. Hoje o país tem duas usinas nucleares em operação, Angra 1 e 2.
“Para o setor nuclear, a conclusão de Angra 3 é importante, pois traz escala a toda a cadeia produtiva do setor, desde a produção de combustível à geração de energia. Isso se torna ainda mais relevante quando se leva em conta que o Brasil vai precisar investir em energia para o futuro, em função do aumento da demanda e do esgotamento do potencial hidrelétrico”, declarou o MME. “Por fim, o Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) prevê a construção de quatro a oito usinas nucleares no país. Cenário que tende a ser confirmado pelo PNE 2050, publicação aguardada para breve.”
Em todo o mundo, a tendência tem sido a de desativar as usinas nucleares. A Eletrobras planeja investir R$ 12 bilhões na usina nuclear de Angra 3, entre 2019 e 2023. Mas um estudo da consultoria PSR e do Instituto Escolhas calcula que não prosseguir com Angra 3 e substituir a produção de energia nuclear por solar representaria uma economia de R$ 12,5 bilhões ao longo de 35 anos – mesmo incluindo na conta o custo bilionário do abandono da obra.
Os planos nucleares brasileiros são antigos e, como ilustra o caso de Angra 3, têm dificuldade de sair do papel. Reportagem publicada pela Gazeta do Povo em 2008 – quando o país estava prestes a retomar as obras dessa usina, para paralisá-las novamente anos mais tarde – dizia o seguinte: “O Ministério de Minas e Energia pretende que a usina [Angra 3] fique pronta em 2014, e quer mais quatro reatores nucleares funcionando até 2030, no Sudeste e no Nordeste, com potência de 1 mil megawatts (MW) cada – idêntica a Angra 2, Angra 3 terá 1.350 MW, o suficiente para abastecer uma cidade um pouco maior que Curitiba”.
Como se vê, onze anos se passaram e o governo está longe de concluir Angra 3 – mas mantém em pé o plano de construir várias outras usinas do tipo.
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O plano de expansão de energia por fonte nuclear passou os últimos anos na gaveta, por conta dos desdobramentos do acidente de Fukushima, no Japão, em 2011. O governo da ex-presidente Dilma Rousseff chegou a cogitar a sua retomada, o que não ocorreu. Em 2015, o MME chegou a declarar que já tinha 21 locais no país estudados para receber as plantas e que as análises estavam em andamento.
Em 2011, apesar da localização exata das usinas não estar definida, o MME chegou a declarar que duas plantas deveriam ser construídas no Nordeste e as outras duas no Sudeste, em São Paulo, Minas Gerais ou Rio de Janeiro.
Hoje a lei não permite que a exploração de urânio e geração de energia nuclear sejam realizadas por empresas privadas. Sem alteração na lei, portanto, todos esses projetos teriam de ser viabilizados com recursos públicos, por meio da Eletronuclear, estatal da Eletrobras.
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