O governo exonerou aliados de deputados dissidentes da base aliada que ocupavam cargos na administração federal. As demissões até agora envolvem apadrinhados de parlamentares do PSDB e do Centrão, grupo integrado por PP, PSD, PR e PTB, e fazem parte da retaliação do Palácio do Planalto aos que declararam voto a favor do prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer.O governo conseguiu rejeitar a denúncia no plenário, mas 89 parlamentares de partidos governistas votaram contra o presidente.
As exonerações começaram no mesmo dia da votação da denúncia contra Temer no plenário da Câmara, na quarta-feira (2). Naquele dia, o governo exonerou Thiago Maranhão Pereira Diniz Serrano do cargo de superintendente regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) da Paraíba. Para o lugar dele, nomeou Bartolomeu Franciscano do Amaral Filho.
Maranhão tinha sido indicado para o cargo pelo deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB). O parlamentar integra o movimento dos “cabeças-pretas”, como ficaram conhecidos integrantes da ala jovem do PSDB que encamparam o movimento a favor do desembarque do partido do governo. Cunha Lima foi um dos 21 deputados do PSDB que votaram a favor da continuidade da denúncia contra Temer.
Exoneração no Dnit de Santa Catarina
Nesta sexta-feira (4), o Diário Oficial da União traz a exoneração do superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Santa Catarina como punição ao deputado Jorginho Mello (PR-SC), que também votou contra Temer. O engenheiro Vissilar Pretto ocupava o comando do órgão desde abril de 2014, apadrinhado por Mello. A portaria com a exoneração do superintendente foi publicada
Dos 39 deputados do PR, nove votaram contra o relatório que recomendava a rejeição da denúncia – ou seja, votaram contra Temer. Jorginho Mello foi um deles. “Sou a favor de toda e qualquer investigação. Peço vênia a meu partido e voto não ao relatório”, declarou o deputado no plenário na quarta-feira.
O PR comanda o Ministério dos Transportes e distribuiu as superintendências regionais do Dnit entre seus parlamentares. O órgão comanda a realização de obras em estradas, consideradas um ativo eleitoral importante para muitos deputados.
Mello é o único deputado do PR em Santa Catarina. Ele participava de inaugurações e vistorias ao lado de Pretto e divulgava notícias que vinculavam seu nome às ações do Dnit no estado.
A cúpula do partido pressiona o governo para demitir outros aliados dos deputados que “traíram” Temer no plenário, para que os cargos possam ser distribuídos aos parlamentares “fiéis”. Uma das vagas em questão é a diretoria de Administração e Finanças do Dnit, cujo atual ocupante foi indicado pelo deputado Wellington Roberto (PR-PB), que também votou contra Temer.
Centrão pressiona por cargos
Os partidos da base aliada de Temer que votaram em massa a favor do presidente aumentaram a pressão por cargos ocupados pelos chamados infiéis. Eles ameaçam travar a discussão da reforma da Previdência e até retirar apoio ao presidente na votação de uma provável segunda denúncia apresentada pela PGR.
O principal alvo das reclamações é o PSDB, que ocupa quatro ministérios e cargos em escalões inferiores, mas entregou menos da metade de seus 46 votos a favor de Temer.
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