| Foto: Henry Milleo/Gazeta

Negociações no esfumaçado de uma sauna, aluguel de um flat só para encontros furtivos com um pagador de propina, dinheiro vivo escondido em caixas de sapatos e roupas. Velhos truques, que caberiam num roteiro de um filme barato sobre antigos escândalos, teriam sido métodos usados para pagamentos de caixa 2 de campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) e do ex-senador Delcídio Amaral (sem partido), mesmo quando já estava em andamento o rumoroso processo do mensalão.

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Os relatos sobre pagamentos clandestinos de campanhas eleitorais fazem parte das delações premiadas do marqueteiro João Santana e da mulher dele, Mônica Moura. A publicitária disse que pagamentos da campanha de Lula à Presidência de 2006 foram feitos em caixas de roupas e sapatos num shopping de São Paulo. Ao todo, ela diz ter recebido R$ 5 milhões escondidos em caixas entregues a ela por Juscelino Dourado, ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci.

“Assim, durante os anos de 2006 e 2007, Mônica Moura, viajou constantemente para São Paulo com o intuito de receber dinheiro em espécie. A entrega era feita, usualmente, dentro do shopping Iguatemi, na Loja de chá TeeGschwendner, por Juscelino Dourado, a pedido de Palocci. Dourado entregava sacolas com os valores em dinheiro acondicionados em caixas de roupas, de sapatos etc”, diz um dos depoimentos da empresária.

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As tentativas de camuflar o caixa 2 eram antigas e começavam antes mesmo do início das campanhas. Num depoimento também prestado na Procuradoria-Geral da República, João Santana contou que, em 2002, tratou do pagamento de caixa 2 na sauna de Delcídio. Naquele ambiente, os riscos de alguém ouvir as negociações eram menores.

“João Santana discorre sobre reunião que teve com Delcídio, na sauna da residência dele, onde o candidato perguntou se poderia custear os serviços do colaborador mediante pagamentos não oficiais no exterior”, afirma o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em um resumo do interrogatório de Santana. Com a conversa nas brumas, o ex-senador “visava a preservar informações quanto a valores e forma de pagamento”.

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As piruetas dos operadores não paravam por aí. Num outro depoimento, Mônica teve que alugar um flat só para receber um expressivo valor de caixa 2 da campanha da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) à prefeitura de São Paulo em 2008. “Saliente-se que o flat foi alugado apenas para receber valores pagos de forma não oficial”, disse Mônica.

Procurado pelo GLOBO, Delcídio negou, por intermédio de sua assessoria, que tenha mantido conversas secretas com Santana numa sauna. Em nota, Marta se disse indignada: “É uma mentira deslavada, certamente motivada (...)Jamais participei ou tive conhecimento de negociações ilegais”.

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