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Capitão Augusto (PR-SP) foi reeleito deputado federal e agora quer presidir a Câmara | Reprodução/Facebook
Capitão Augusto (PR-SP) foi reeleito deputado federal e agora quer presidir a Câmara| Foto: Reprodução/Facebook

Na quinta-feira passada (18), trajando sua farda da Polícia Militar com medalhas de honrarias que recebeu na carreira, o deputado federal Capitão Augusto (PR-SP) circulava pelo plenário da Câmara em busca de votos. Reeleito para o segundo mandato com 242 mil votos, a nona melhor performance em São Paulo, Augusto é candidato a presidente da Câmara. Ele tem a simpatia da família Bolsonaro e assegura ter o apoio de uma centena de parlamentares. "Mais 70 votos estou garantido no segundo turno", disse o capitão à Gazeta do Povo na segunda-feira (22).

Integrante da bancada da bala e defensor de propostas polêmicas, como redução da maioridade penal, o PM se diz afinado com o outro capitão, o candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Diz que, se chegar ao comando da Câmara, vai atuar como aliado de Bolsonaro, caso o presidenciável seja eleito. 

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O capitão Augusto está em viagem pelo país e conversando com o maior número possível dos 243 novos deputados eleitos em 7 de outubro. Com os reeleitos, já começou o corpo a corpo pelos corredores do Congresso. Ele estará nessa terça-feira (23) com Bolsonaro, no Rio de Janeiro, e vai tentar fortalecer laços com o presidenciável. 

Deputado quer presidir a Câmara com a farda de PM

Quando se elegeu, a vestimenta da PM chamou a atenção entre seus pares e servidores da Câmara. Soava fora de lugar. Depois, passou a alternar com o terno e a gravata. Se eleito, o capitão quer comandar os trabalhos da Casa com seu traje militar. 

"Vou presidir com a farda. Sem problema. Se eu for nomeado a algum cargo, estarei com farda. Se me tornar governador um dia, estarei com a farda. Se presidente, também fardado. É um respeito que tenho muito grande pela Polícia Militar. A farda é compatível com o terno. Não altera em nada meu comportamento."

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O capitão foi recebido pelo atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), interessado em se reeleger ano que vem, para um almoço na residência oficial. Mas, questionado sobre o encontro, deu uma esnobada no anfitrião. "Fui conversar apenas. Por consideração, elegância. Considero lícita sua candidatura, é um direito que ele tem. Expliquei o que pretendo. Uma conversa cordial", afirmou Augusto.

Em busca de votos

O deputado diz ter apoio suficiente para ganhar a eleição para presidente da Câmara. Acompanhe as contas: “Meu partido, o PR, elegeu 33 deputados, e deve ganhar entre cinco a sete na janela das fusões. Uma bancada de 40. O PSL vai me apoiar. Tem 52 deputados. Eles já anunciaram que não vão lançar candidato. A Câmara não admite que o presidente da Casa seja do mesmo partido do presidente da República. Seria muito ruim para imagem da Casa. Tem outros 18 deputados PMs. Tem a bancada de São Paulo, estado que não faz um presidente há algum tempo. A bancada da bala está comigo e Bolsonaro precisa de um aliado dele. Me encaixo perfeitamente." 

Para conquistar o apoio da maioria na Câmara, o capitão quer tirar poderes da minoria. Ele pretende restringir, se não acabar, com o chamado "kit obstrução", instrumento muito usado por bancadas pequenas e de oposição. O PT é mestre em recorrer a esse expediente, assim como o PSOL. Se trata de esgotar as brechas do regimento para retardar ao máximo uma votação ou inviabilizá-la, mesmo sendo minoria no plenário. 

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"Estou propondo mudar o regimento, que foi feito para 12 ou 15 partidos e não para 28, como é hoje. É preciso garantir os direitos da maioria, não da minoria. Tem bancada sozinha que, com seis deputados apenas, consegue trancar a pauta. Hoje, a minoria é muito privilegiada. Eu mesmo já usei o kit obstrução, mas precisa acabar."

Sobre reformas 

O candidato tem uma visão própria da reforma da Previdência. Acha que o problema não está nos servidores, nem nos militares. Diz que o texto do governo Michel Temer enviado ao Congresso é muito ruim. Afirma ser preciso respeitar as diferenças entre cada categoria.

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"São necessárias três reformas da Previdência. Uma para a iniciativa privada. Uma para os servidores públicos civis e outra para os servidores militares. O pessoal da iniciativa privada recolhe menos que o servidor público. Quando aposenta, tem direito ao FGTS. Servidor público, não. Este, mesmo após a aposentadoria, continua contribuindo. Os militares não têm jornada de trabalho, não recebem por periculosidade. É preciso respeitar as diferenças de cada um.”

Carreira política e militar

Antes de se eleger pela primeira vez em 2014, o capitão Augusto concorreu três vezes para deputado federal, sem sucesso. Na carreira militar, já foi comandante de companhia. Ele cita entre seus momentos de destaque na carreira ter sido escolhido com outros seis, entre mil cadetes, para conduzir o caixão de Ayrton Senna, em maio de 1994, durante as honras fúnebres ao piloto.

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