Com a reforma da Previdência e o pacote anticrime começando a tramitar no Congresso nesta semana, alguns partidos já estão de olho em cargos do terceiro escalão em troca de apoio às principais propostas do governo. Eles querem poder indicar nomes para comandar autarquias, funções em universidades federais e cargos regionais em estatais.
A avaliação é que essas posições ainda não foram preenchidas ou estão aparelhadas por nomes ligados ao PT e ao governo Temer, e que parte dos partidos favoráveis ao atual governo pode indicar pessoas qualificadas para ocupar essas posições.
Um dos partidos de olho em cargos de terceiro escalão é o PSL, do próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL). Líder da sigla na Câmara dos Deputados, o deputado Delegado Waldir (GO) afirma que é natural que os parlamentares que vão compor a base do governo queiram também ajudar a governar. Ainda mais, afirma, porque vão ter que defender temas impopulares, como a reforma da Previdência.
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“Não é só o PSL. Todos os partidos que vão dialogar com o presidente para reformar a Previdência irão colocar a mão no vespeiro. Vão assumir desgaste. Nós queremos ajudar a governar. Nós queremos ter participação no governo”, afirmou em entrevista à Gazeta do Povo.
Delegado Waldir disse, ainda, que não se trata de troca de apoio, e sim de governabilidade. “Se o presidente quiser governabilidade, não podemos criminalizar a indicação dos parlamentares. Os parlamentares também têm relação com muitas pessoas técnicas. Queremos ajudar a governar. O Parlamento quer ajudar a governar, mas isso é uma decisão do governo. Não é uma decisão nossa. Tem que ver se o Executivo quer que o Parlamento ajude a governar. É uma escolha deles.”
Banco de talentos
O líder do PSL na Câmara diz que, até o momento, o governo ainda não sinalizou que vai acatar a sugestão do partido. Mas, segundo Delegado Waldir, estaria em estudo pela Casa Civil a criação de um banco de talentos com nomes de profissionais indicados pelas siglas para compor cargos de 2º e 3 º escalão. Porém, só seriam nomeados aqueles que comprovarem ter a experiência e as qualificações necessárias, justamente para evitar a ideia do “toma lá dá cá”. A assessoria de imprensa da Casa Civil não confirma a informação.
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Uma reunião de membros do PSL com Bolsonaro está marcada para esta quarta-feira (20), antes do envio da reforma da Previdência ao Congresso. No dia seguinte, o presidente também vai se reunir com líderes partidários. A questão dos cargos de 3º escalão pode ser levantada pelos partidos nos encontros.
Ideia é desaparelhar os estados
O deputado do PSL diz que os partidos de uma futura base do governo Bolsonaro têm nomes técnicos e qualificados para ocupar os cargos de terceiro escalão, que hoje estão vagos ou sendo geridos por petistas ou nomes ligados a Temer.
“Hoje os espaços nos estados estão sendo ocupados por petistas e nomes indicados por Marun (ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo de Temer), por pessoas que não ajudaram a eleger o Bolsonaro. Nós queremos ajudar a governar e indicar pessoas que tenham capacidade para substituir essas pessoas. Não podemos esquecer que foram 13 anos de governo petista e que os estados estão aparelhados.”
Waldir completa que, porém, a decisão será de Bolsonaro. “Se ele quiser manter esse povo aí, problema dele.”
Dificuldades de nomeação do terceiro escalão
Um outro líder de partido que prefere não ser identificado afirmou à reportagem que há siglas que vão apoiar as reformas simplesmente pelo alinhamento ideológico, já que concordam com a necessidade da agenda reformista. Mas que há aqueles que devem pedir espaço no governo. “Governo vai ter que acabar usando isso para consolidar alguns setores de apoio”, afirmou o deputado.
Ele explica também que isso deve acontecer pela dificuldade em encontrar nomes para o terceiro escalão, normalmente funções em autarquias e estatais regionais. O parlamentar diz que para o primeiro escalão é fácil encontrar pessoas qualificadas, pela exposição de mídia que o cargo ganha.
Já para o terceiro escalão, uma pessoa qualificada tende a ganhar mais no mercado e prefere a iniciativa privada.
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