O governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ainda nem começou e já tem duas possíveis bombas para desarmar. Uma é a movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão no período de um ano feita por Fabrício de Queiroz, ex-assessor parlamentar da Flávio Bolsonaro (filho do presidente eleito, deputado estadual no Rio de Janeiro e senador eleito). As transações financeiras, flagradas pelo Conselho de Controle de Atividades Finaceiras (Coaf), incluem um depósito em cheque de R$ 24 mil de Queiroz na conta da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro. A outra bomba é briga entre deputados eleitos do PSL pelo WhatsApp. O governo Bolsonaro vive uma crise antes mesmo de começar?
O Podcast República, programa semanal da Gazeta do Povo de análise da política brasileira, discutiu os possíveis desdobramentos dos dois casos sobre o futuro governo.
Uma semana depois de o caso Coaf estourar, ainda não há explicações convincentes
Após uma semana do caso Coaf ter vindo à público, não houve nenhuma explicação convincente para a movimentação de dinheiro de Queiroz. Ele próprio não se explicou. Flávio Bolsonaro primeiro disse confiar no ex-assessor e, depois, afirmou que ele lhe deu uma explicação plausível, sem explicar qual era. Futuro ministro da Justiça, Sergio Moro se calou e depois defendeu genericamente as investigações. Já Onyx Lorenzoni, que será chefe da Casa Civil de Bolsonaro, pediu trégua à imprensa, questionou o Coaf e, irritado, abandonou uma entrevista coletiva. Bolsonaro disse que os R$ 24 mil eram parte do pagamento de um empréstimo e admitiu que pode ter errado ao não ter declarado isso no Imposto de Renda.
Sob mediação de Fernando Martins, o analista político Mario Vitor Rodrigues e o jornalista Lúcio Vaz avaliaram qual impacto para o futuro governo da ausência de explicação para a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão do ex-assessor do filho de Bolsonaro. Também discutiram como se essa suspeita pode afetar a relação do presidente eleito com o Congresso.
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Filhos de Bolsonaro viraram um foco de problemas para o pai?
O caso Coaf também trouxe à discussão no podcast se a família de Bolsonaro pode vir a criar problemas sérios para o pai. Flávio era o mais quieto dos três filhos políticos nesse período de transição, mas foi quem levou a suspeita do Coaf para dentro do futuro governo. Carlos Bolsonaro, vereador no Rio e responsável pela estratégia comunicação do pai pelas redes sociais durante a campanha eleitoral, brigou com a equipe de transição e saiu atirando: disse que a morte do presidente eleito interessa inclusive a quem está perto de seu pai. O terceiro filho, o deputado reeleito Eduardo Bolsonaro, durante a campanha deu declarações que obrigou o então candidato a pôr panos quentes – como a de que um soldado e um cabo do Exército seriam suficientes para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF).
Eduardo Bolsonaro também foi protagonista da briga no grupo de WhatsApp do PSL, tendo a deputada eleita Joice Hasselmann como oponente. Ambos trocaram ofensas numa disputa para saber quem vai liderar o partido. A confusão levou o presidente eleito a convocar uma reunião com a bancada para acalmar os ânimos. Eduardo e Joice deixaram se fotografar juntos para passar a imagem de que as divergências foram superadas. Mas o caso, ainda assim, levantou a discussão no Podcast República, se Bolsonaro conseguirá ter governabilidade no Congresso se tem ele próprio um partido com divisões internas.
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