O discurso é o mesmo: a renovação política. E parece ter ganhado força com o sucesso de outsiders nas últimas eleições municipais, como os prefeitos de São Paulo, João Dória Jr. (PSDB), e de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS). Ainda sem declarar qualquer apoio partidário, apresentadores de TV como Marcelo de Carvalho, Luciano Huck e Roberto Justus já testam seus nomes para 2018, embora neguem a pré-candidatura oficial.
“Três partidos políticos vieram aqui (em seu escritório), mas um eu não achei adequado, e conversamos sobre a hipótese”, disse o dono da RedeTV, Marcelo de Carvalho. A ideia, afirma, é embrionária, mas o apresentador cogita lançar-se como candidato ao governo do Estado nas eleições de 2018.
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Já Roberto Justus, que há poucos meses admitia a possibilidade de se candidatar à Presidência, voltou atrás com a ideia. “Eu poderia ser um bom candidato, teria perfil de um bom gestor, poderia fazer uma coisa semelhante ao que João Doria está fazendo em São Paulo, mas eu não tenho a vaidade de ter uma carreira política”, afirmou o apresentador de O Aprendiz.
Justus admite que pensaria em compor o governo do atual prefeito de São Paulo, caso o tucano chegue à Presidência. “Se isso fosse um convite oficial, se ele estivesse montando um dream team, escolhendo gente séria, não hesitaria em pensar no assunto”, afirmou.
Ao lado do juiz Sérgio Moro e na presença do presidente Michel Temer, o apresentador Luciano Huck foi a Brasília no último dia 19 receber a medalha de Honra do Mérito Militar, que o Exército dedica a pessoas que tenham prestado serviços relevantes ao País.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, no mês passado, Huck não descartou a possibilidade de participar da corrida eleitoral. Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o apresentador disse por meio de sua assessoria que não daria declarações.
No começo de abril, Huck participou do seminário nos Estados Unidos com a participação de nomes como a presidente cassada Dilma Rousseff, o juiz Sérgio Moro e o ministro Gilmar Mendes. No evento, disse que um de seus compromissos é “contribuir para transformar essa terra arrasada que está o Brasil, para construir novas bases e para que a gente faça um país mais legal”.
Dispersão
Para a professora do departamento de Ciências Políticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Helcimara Telles, a possível candidatura de apresentadores não é novidade, mas ela duvida que algum tenha chances reais de eleição. “Ele pode ser aquele candidato que chega para dispersar votos. Serve mais para atacar os outros, desconstruir os adversários”, disse Helcimara. “Esses candidatos podem surgir para desconstruir a imagem do Lula em 2018. Fazem discurso do novo para atacar o velho. Assim como, por exemplo, o Ciro Gomes pode fazer um discurso contra os aventureiros.”
O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda atribui a proliferação de “candidatos celebridades” à imagem negativa de políticos. “Quando isso acontece, os olhos da sociedade se voltam para figuras que são conhecidas e admiradas”, afirmou.
No entanto, para o cientista político pela Universidade de São Paulo (USP), Rubens Figueiredo, celebridades costumam ter mais chances para o Parlamento. “Nas cadeiras do Congresso, o nome costuma ser mais importante do que a sigla e pessoas muito conhecidas acabam se elegendo, independentemente do partido.”
Embora concorde que, sem a associação a um partido forte, seja difícil que esses “outsiders” sejam eleitos, Figueiredo diz que os apresentadores carregam consigo um perfil que está na moda: o do político-gestor. “O apresentador pode ser visto como alguém que subiu na vida com seu próprio esforço, e é empresário.”
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