As centrais sindicais não cogitam cancelar a greve geral de segunda-feira (19), apesar de a reforma da Previdência ter sido praticamente engavetada no Congresso após o anúncio da intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (16). Pelo contrário, a ordem é intensificar a pressão sobre o governo de Michel Temer.
“A pressão precisa ser ampliada neste momento, pois essa é única maneira de garantir que não mexam na aposentadoria dos trabalhadores e trabalhadoras”, disse, em nota, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. “A nossa luta é para enterrar de vez a reforma. E uma das estratégias é realizar uma forte mobilização no dia 19, com greves e paralisações, além de intensificar as ações nas ruas e nas redes”, completou.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, por exemplo, anunciou que a paralisação está mantida para o dai 19, já que o “risco da reforma persiste” e a mobilização se mantém, principalmente após Temer afirmar que, quando a reforma da Previdência estiver pronta para ser votada no Congresso, pretende cessar a intervenção.
A PEC da reforma previdenciária estava na pauta da Câmara da próxima semana, mas foi retirada depois do protocolo do decreto de Temer, já que a Constituição não pode ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
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Segundo o presidente do sindicato Wagner Santana, a orientação é “para os trabalhadores não irem às fábricas na próxima segunda-feira”. “Vamos mostrar a resistência da classe trabalhadora e impedir a aprovação dessa reforma”, afirmou o dirigente sindical. “Temos de dar o recado de que essa proposta não interessa aos trabalhadores e não pode ser feita por um governo sem nenhuma legitimidade. Não vamos permitir esse desmonte”, acrescentou.
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região também decidiu paralisar suas atividades na segunda-feira. Maior central do país e historicamente ligada ao PT, a CUT garante que a adesão à greve geral está aumentando e que o movimento deverá ser mais robusto desta vez. Principalmente porque servirá, também, para defender o direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se candidatar nas eleições de outubro.
Condenado pela Justiça em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá (SP), Lula virou “ficha suja” e não poderá concorrer à Presidência da República ou a qualquer outro cargo eletivo com base na Lei da Ficha Limpa – exceto se obtiver uma decisão favorável na Justiça.
Histórico de fracassos
As greves gerais contra as reformas estão sendo realizadas pelas centrais desde o ano passado, com maior ou menor adesão. A última promessa de paralisação total do Brasil foi um fiasco: virou apenas um amontoado de atos em diversas cidades. O primeiro protesto de 2018 vem na esteira da condenação de Lula no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em 24 de janeiro.
Poucos dias depois, as sete centrais – CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central, UGT, Intersindical – já convocavam para a “jornada nacional de luta”. A orientação é de que as bases em todos os estados entrassem em “estado de alerta e mobilização nacional imediata”. A proposta era para a realização de assembleias e plenárias, além de ações de panfletagens e blitz em aeroportos, tudo como instrumento de pressão para os parlamentares desistirem de votar a Previdência. Representantes das centrais estiveram reunidos com Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, na semana passada, também como estratégia para pressionar a não votação da reforma.
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O presidente da CUT, Vagner Freitas, prometeu paralisar o Brasil caso o petista seja impedido de ser candidato. Segundo ele, quanto mais cresce as intenções de voto em Lula nas pesquisas e ele acena que, se eleito, revogará, com o apoio do povo brasileiro, as medidas que retiram direitos, mais ele é perseguido pela mídia e setores do Judiciário. “Por isso, garantir Lula candidato e apoiar a sua eleição será fundamental. Faz parte da nossa estratégia de resistência e defesa dos direitos”, disse.
Confira os atos que devem ocorrer na segunda-feira em todo o Brasil, segundo a CUT
Em Salvador, terá manifestação no Iguatemi, a partir das 7h. No período da tarde, a concentração começa às 15h para o ato no Campo da Pólvora.
Em Fortaleza, haverá atos e paralisações em todas as regiões, sendo a maior delas marcada no centro, a partir das 9h. Haverá uma caminhada pelas ruas do centro com concentração na Praça da Bandeira.
Em Brasília, além das ações durante o dia, tem ato às 17h, no Museu da República.
Em Cuiabá, às 8h, tem ato no INSS da Avenida Getúlio Vargas.
Em Belém, às 7h, ação nas agências bancárias da Avenida Presidente Vargas; às 11h, ato no Mercado São Brás. Em Marabá, às 7h30, panfletagem em frente a agencia do INSS; às 9h, audiência pública na Câmara Municipal.
Em Curitiba, às 8h, panfletagem no Terminal Guadalupe – esquina das Ruas Marechal Deodoro e João Negrão; 9h, panfletagem em frente a agência do INSS; 10h, concentração na Boca Maldita; 11h, aula pública na Boca Maldita; 14h, panfletagem na Assembleia Legislativa.
Em Recife, às 15h, tem ato público no Parque 13 de Maio.
Em Teresina, tem ato marcado para às 8h, na Praça Rio Branco. No período da tarde, a partir das 14h, terá ato no Aeoroporto de Teresina.
No Rio de Janeiro, tem ação no aeroporto Santos Dumont de manhã, no embarque dos deputados; e, às 16h, tem ato na Candelária. Em Campo dos Goytacazes, terá concentração a partir das 8h, no Sindicato dos Bancários. De lá, os manifestantes sairão em caminhada até o calçadão para o ato público.
Em Natal, tem ato a partir das 14h, em frente a Agência do INSS, Rua Apodi, 2150 – Tirol.
Em Porto Alegre, às 5h, marcha do Laçador até o aeroporto; às 7h, concentração na rodoviária; às 9h, ato em frente a agencia do INSS; às 17h, ato na esquina Democrática.
Em Florianópolis, o transporte coletivo ficará paralisado durante todo o dia 19. A partir das 9h, a CUT e demais centrais sindicais e entidades farão um arrastão no centro da capital para fechar o comércio e os bancos. E, a partir das 16h, acontecerá um ato na Praça de Lutas, que terminará com uma passeata até a agência do INSS.
Na capital São Paulo, às 16h, tem ato público em frente ao MASP, na Avenida Paulista.