O Dia do Trabalho será marcado por mais protestos contra as reformas do trabalho e da previdência. Centrais sindicais que organizaram a greve geral da última sexta (28) estão convocando filiados a “ocupar Brasília” no 1º de maio e, em São Paulo, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) trava uma batalha jurídica com o prefeito João Doria para realizar seu ato na Avenida Paulista.
Doria pediu “bom senso” à CUT depois de decisão da Justiça de impedir que sindicalistas realizem seu ato na Avenida Paulista. Após as declarações do prefeito, a CUT afirmou, em nota, que houve um acordo na Justiça e o ato será mantido na principal rua de São Paulo. A nota diz que “o TJSP justificou a decisão com a alegação de que é preciso ‘se dar isonomia à manifestação da CUT e a outras já ocorridas na Av. Paulista, inclusive com a utilização de caminhão de som.’” Doria deu essas declarações antes da nota da CUT.
Ao sair do evento de inauguração da Japan House, centro cultural japonês, em São Paulo, ao lado do presidente Michel Temer e do governador Geraldo Alckmin, Doria declarou que “espero que a CUT tenha bom senso e equilíbrio e não provoque o confronto.” No sábado, a gestão municipal havia conseguido uma liminar na Justiça que estipulava multa de R$ 10 milhões se a central sindical insistisse em fazer o evento no local.
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Doria afirmou, antes do acordo ser firmado, que faltaria à CUT uma autorização para o ato ocorrer na via, lembrando de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado com o Ministério Público do estado que só permite a realização de três eventos por ano no local em feriados e finais de semana: a Parada do Orgulho LGBT, a Corrida de São Silvestre e a festa de Réveillon.
Outras centrais também farão atos na capital paulista no Dia do Trabalho. A Força Sindical terá manifestação a partir das 9h na praça Campos de Bagatelle, na zona norte; a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), no Sambódrono do Anhembi (houve a tentativa, sem sucesso, de fazer o ato no Memorial da América Latina); e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) terá uma missa na Catedral da Sé.
Na sexta-feira, o presidente da CUT, Vagner Freitas, já havia avisado que a central não iria respeitar qualquer posição da prefeitura. “Vamos fazer o 1º de Maio na Paulista com ou sem autorização da prefeitura. Se for preciso, faremos por cima dele (Doria),” afirmou o líder sindical, ao discursar em ato de encerramento da greve geral de sexta-feira.
Em nota divulgada neste domingo, a Prefeitura de São Paulo disse que contabilizou um total de R$ 266.500 em prejuízos a bens públicos, tais como lixeiras e sinalização de trânsito, “em razão das depredações ocorridas” durante os protestos contras as reformas implementadas pelo governo federal, na última sexta-feira. “A Prefeitura reafirma que acionará a Justiça para recuperar o prejuízo ao erário público e obter indenização”, disse a nota.
“Ocupar Brasília”
As nove centrais sindicais que organizaram a greve geral da última sexta (28) querem manter o momento no feriado do Dia do Trabalho. De acordo com elas, 40 milhões de trabalhadores pararam, número que a torna a maior da história brasileira.
40 milhões pararam na greve geral, calculam centrais
As centrais estão convocando os filiados a “ocupar Brasília” amanhã (1) a fim de manter a pressão sobre o Congresso e o presidente Michel Temer. Há ordens, ainda, para que dirigentes estaduais organizem atos a fim de pressionar os senadores a mudar o texto da reforma trabalhista, aprovado essa semana na Câmara dos Deputados.
A agenda das centrais continua na terça, quando, de acordo com Ricardo Patah, presidente da UGT, dirigentes se reunirão para definir as próximas ações conjuntas. Freitas declarou que “Vamos ocupar Brasília para que o Senado não vote as reformas.”
Curitiba
Em Curitiba, as comemorações do dia 1º de maio foram canceladas em decorrência da greve geral, que teve protestos na Praça Nossa Senhora de Salette e na Praça Tiradentes, no centro. Um dos motivos para a celebração do Dia do Trabalho ter sido cancelada é justamente o momento que vive o país com as votações de ambas as reformas.
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