Candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes chamou de “providência golpista” o movimento petista que garantiu a neutralidade do PSB nas eleições nacionais . Antes de participar de seminário sobre os desafios da justiça fiscal, em São Paulo, nesta quinta-feira (2), o pedetista reforçou as críticas feitas no dia anterior em entrevista à GloboNews:
“Ninguém pode falar em golpe e praticar o golpe”, disse. O pedetista diz não saber o que fez para merecer um tratamento “tão desleal e tão traiçoeiro” por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT. “Esse comportamento está na base moral da corrupção”, completou.
Ciro afirmou que o PT é “um dos grandes responsáveis pela tragédia brasileira”. Ele disse que nunca quis o apoio do PT - e que sempre afirmou que o Partido dos Trabalhadores “tem a natureza do escorpião”. “Eu quero falar é com eleitorado do PT, que é o melhor, mas deve estar frustrado”.
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O candidato chamou o acordo do PT com o PSB de “um grosseiro equívoco” e afirmou que todo o campo progressista saiu perdendo porque, segundo ele, a manobra petista teve como o único objetivo “tirar segundos de TV de sua campanha”. “Aí você sacrifica uma jovem promissora liderança de Pernambuco (a vereadora Marília Arraes) e sacrifica um candidato de Minas Gerais (Marcio Lacerda) com uma aliança imensa”.
Sobre Marília, Ciro seguiu dizendo que foi uma violência com uma jovem que está começando a vida. “Cortar o pescoço de uma jovem pernambucana, politizada, nunca vi coisa igual”.
Ciro insiste em aliança com PSB
O candidato do PDT garante que ainda não recebeu nenhum tipo de “sinal de fumaça” do PSB sobre o acordo fechado com o PT. Para ele, “o mais chocante” é o fato do PSB acertar um acordo para se omitir do debate em função da lógica de Pernambuco. “Um equivoco grosseiro dessa oligarquia política que acha que me tirar segundos vai me impedir de apresentar minha mensagem”, disse.
O candidato considera estranho o fato dos candidatos que estão mais próximos de Lula nas pesquisas estarem sendo isolados. “Aí tem”, disse - referindo-se aos candidatos Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede) e ele próprio. “Imagina se alguém vai conseguir esconder um Bolsonaro e uma Marina dessa disputa. Isso é a oligarquia partidária querendo tirar o povo da jogada e manter as tenebrosas transações em seus gabinetes”.
O acordo com o PSB e a retirada da candidatura de Marília Arraes também está mexendo com a vaga de vice na chapa pedetista. Segundo interlocutores, o deputado Silvio Costa (Avante-PE), que seria candidato ao Senado na chapa de Marília, estaria se sentindo “rifado” e “traído” pelo PT - Costa foi um dos deputados mais atuantes na defesa da ex-presidente cassada Dilma Rousseff.
Costa, que vinha apoiando Marília, e é amigo pessoal de Ciro Gomes, já teria sido procurado pelo pedetista para ocupar a vaga de vice e aumentar a turbulência na eleição pernambucana. “Ninguém é candidato a vice, mas faço gosto”, disse - sem confirmar se recebeu o convite oficial. A campanha de Ciro também não confirma o convite.
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