A cirurgia para retirada da bolsa de colostomia e reconstrução intestinal do presidente Jair Bolsonaro, iniciada na manhã desta segunda-feira (28), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, foi encerrada por volta das 15h30, após 7 horas de duração. Bolsonaro usou a bolsa por 144 dias, após sofrer uma facada no abdômen durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro do ano passado.
De acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, o procedimento ocorreu “com êxito”. Interlocutores do presidente justificam que a demora na cirurgia se deveu, principalmente, por causa de aderências na região abdominal.
No primeiro boletim médico divulgado pelo Hospital Albert Einstein após o encerramento da cirurgia para retirada da bolsa de colostomia, a equipe médica informa que o presidente Jair Bolsonaro “encontra-se clinicamente estável, consciente, sem dor”.
Segundo a equipe médica, sequer houve necessidade de transfusão de sangue e o presidente está internado na Unidade de Terapia Intensiva, recebendo medicações para evitar infecção e trombose venosa, conforme boletim assinado pelo cirurgião Antônio Luiz Macedo, pelo clínico e cardiologista Leandro Echenique e pelo diretor superintendente do Hospital Israelita Albert Einstein, Miguel Cendoroglo.
“Obra de arte”
Segundo o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, em função das duas cirurgias as quais foi submetido após ser esfaqueado em campanha eleitoral, a cirurgia exigiu dos médicos uma “verdadeira obra de arte” .
A cirurgia foi conduzida de forma especial porque o presidente possuía uma quantidade grande de aderências por causa das outras duas cirurgias. As aderências exigiram uma verdadeira obra de arte em relação a cirurgia”, disse Barros.
Assessores palacianos ressaltam que “não houve intercorrências” durante a cirurgia e que, neste tipo de procedimento, “é normal” que ocorram atrasos. De acordo com estas fontes, embora Bolsonaro tenha ido para o centro cirúrgico por volta das 6h30, ele só foi anestesiado às 8h15, com a cirurgia se iniciando logo depois.
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A estimativa inicial era de que a cirurgia duraria três horas. O presidente foi internado na manhã de domingo (27) para a realização de exames pré-operatórios e, após resultados mostrarem normalidade de sua saúde, a cirurgia.
Esta é a terceira vez que Bolsonaro é operado desde que sofreu o atentado. O vice, general Hamilton Mourão, assumiu interinamente a Presidência da República e permanecerá no cargo nas próximas 48 horas que se seguirão à cirurgia. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sob o comando do general Augusto Heleno, montou uma estrutura provisória no mesmo andar do quarto do presidente para que ele possa manter a rotina de despachos.
Escritório no hospital
Bolsonaro reassume a Presidência na quarta (30) e deve permanecer internado até meados da próxima semana. Os médicos estimam um período de dez dias para recuperação. O Palácio do Planalto trouxe à capital paulista auxiliares técnicos que dão suporte jurídico para a tomada de decisões do chefe do Executivo.
O escritório improvisado contará com um computador com internet, uma impressora e um telefone fixo. O espaço permitirá ainda que Bolsonaro se comunique com ministros e outros auxiliares que estejam fora de São Paulo por meio de videoconferência.
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O governo trouxe também assessores de comunicação, como o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, para a realização de briefings diários sobre a saúde do presidente e atos do Executivo.
Entenda o passo a passo
Além do cirurgião Antônio Luiz Macedo, que acompanha o presidente, outros oito profissionais participaram do procedimento: dois cirurgiões auxiliares, uma instrumentadora, dois anestesistas, uma enfermeira e dois técnicos de enfermagem.
A cirurgia consiste em abrir o abdome e religar as duas pontas do intestino grosso que hoje estão separadas para que o trânsito intestinal volte ao normal. A sutura será feita com grampeador cirúrgico e pontos manuais, segundo Marcondes.
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Com isso, Bolsonaro deixará de usar a bolsa coletora de fezes, adotada desde setembro, quando foi esfaqueado durante campanha em Juiz de Fora (MG) e teve os intestinos grosso e delgado perfurados.
Para isolar as áreas lesionadas da passagem de fezes, o intestino foi separado. Uma ponta ficou exteriorizada até a pele para saída das fezes pela bolsa coletora. E a outra ponta ficou fechada dentro.
O procedimento envolverá um corte de 30 cm a 40 cm, exatamente no mesmo lugar da cicatriz resultante das duas cirurgias anteriores. O orifício onde hoje está a bolsa de colostomia também será fechado. O presidente ficará, então, com duas cicatrizes no abdome.
Segundo três gastrocirurgiões ouvidos pela reportagem, só quando o abdome estiver aberto é que será possível verificar claramente o grau de aderências na região.
Por causa dos ferimentos e dos procedimentos anteriores, é possível que haja alças intestinais grudadas entre si ou na parede abdominal. O primeiro passo, então, será desgrudar esses tecidos. “Quanto mais aderências, mais a cirurgia pode demorar. Se a situação estiver favorável, pode levar três horas. Senão, de seis a 12 horas”, explica Diego Adão Fanti Silva, cirurgião do aparelho digestivo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
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