As dificuldades de interlocução com a atual composição do Congresso Nacional levaram o presidente eleito Jair Bolsonaro a buscar ajuda fora de sua equipe de transição e de seu partido, longe de Brasília e em um partido com o qual nem sequer firmou apoio. O aliado da última hora é o governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB).
Doria declarou apoio a Bolsonaro publicamente em 7 de outubro, logo após o primeiro turno. Mas começou a conversar com o grupo político do futuro presidente muito antes do início da campanha eleitoral, a despeito de seu partido ter lançado a candidatura do presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, seu padrinho político, que acabou virando rival.
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Desde o fim de semana, Doria tem dado uma série de telefonemas a parlamentares de seu estado e também a tucanos. Vem pedindo ainda a outros governadores que intercedam junto a seus pares no Congresso pela não aprovação de novas pautas-bomba. Tudo "pelo bem das contas públicas do governo" – semana passada o Senado aprovou dois projetos que, juntos, causam mais de R$ 10 bilhões em impacto ao cofres da União, o aumento salarial do Supremo Tribunal Federal e o Rota 2030.
A reportagem conversou com 22 deputados e senadores que foram procurados pelo tucano com esse discurso. Os relatos foram contados sob condição de anonimato.
O apoio é negado publicamente pela equipe de Bolsonaro e também pelo próprio Doria. Semana passada, ele esteve pela primeira vez com o presidente em agenda oficial no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde a equipe de transição trabalha em Brasília. Ao sair do local, o tucano afirmou que seu partido não firmou uma orientação, mas deverá seguir com Bolsonaro "nas boas propostas".
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Contudo, a avaliação interna entre os bolsonaristas é que o nome político da equipe, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, não dará conta do recado neste momento. Embora sejam do mesmo partido, Onyx e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não se dão bem. Essa articulação estaria sendo feita pelo próprio Jair Bolsonaro que deve se encontrar com o deputado nesta quarta (14).
Além disso, embora Onyx seja considerado pelos colegas um parlamentar experiente, não é considerado alguém com trânsito no Senado, que tem uma dinâmica diferente da Câmara. E lá é justamente onde há graves problemas de interlocução, especialmente com o presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB-CE).
João Doria nunca foi parlamentar e já estreou na política como prefeito de São Paulo, em 2016, quando venceu Fernando Haddad (PT) no primeiro turno. Deixou o cargo este ano para concorrer ao governo do estado.
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Ele, contudo, vem se fortalecendo internamente no PSDB, e por consequência, externamente, após se eleger prefeito da capital paulista. Teve nas mão o maior orçamento entre capitais. E agora comandará o estado mais importante do país.
Encontro com governadores
João Doria estará em Brasília nesta quarta para um evento com outros governadores, no qual Bolsonaro promete estar presente. "Essa reunião não foi tratada comigo e me parece que não foi tratada com o Paulo Guedes também. Acho que foi tratada pelo governador Doria, mas nós não vamos decepcionar os governadores que estarão presentes aí. Agora, o que eles querem eu também quero, que é dinheiro", afirmou o presidente eleito, nesta terça-feira (13), ao deixar o Tribunal Superior do Trabalho (TST).
O encontro ocorrerá no Centro Internacional de Convenções de Brasília (CICB), que fica próximo ao CCBB, onde trabalha a equipe de transição.
Até agora, confirmaram presença os governadores eleitos do Acre, Gladon Cameli; Amapá, Waldez Góes; Amazonas, Wilson Lima; Distrito Federal, Ibaneis Rocha; de Goiás, Ronaldo Caiado; Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja; Minas Gerais, Romeu Zema; Mato Grosso, Mauro Mendes; do Pará, Helder Barbalho; Paraná, Ratinho Júnior; Rio de Janeiro, Wilson Witzel; Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra; Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; de Roraima, Antonio Denarium; Santa Catarina, Coronel Carlos Moisés da Silva; São Paulo, João Doria; e do Tocantins, Mauro Carlesse.
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