A posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, no dia 1º de janeiro está aquecendo a rede hoteleira de Brasília nesta virada de ano. A taxa de ocupação dos hotéis da cidade teve um aumento significativo nos últimos dias e já está em 70%, podendo chegar a 90%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-DF). Os números são muito superiores à media para o período, que é de 20%.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, a previsão é de que a Esplanada dos Ministério receba de 250 até 500 mil pessoas para a festa da posse de Jair Bolsonaro. O evento começa às 14h45, com desfile do cortejo presidencial da Catedral Metropolitana de Brasília até o Congresso Nacional. A sessão solene da posse no Congresso está marcada para as 15 horas.
Leia também: Como será a cerimônia de posse de Jair Bolsonaro na Presidência
O gerente operacional do grupo que abrange Brasília Palace Hotel, Manhattan Plaza, Kubitschek Plaza e ST Paul, Daniel Bernardes, disse que, normalmente as pessoas reservam em cima da hora, mas, com as notícias de que a posse seria concorrida, a procura por quartos aumentou mais cedo. “Na média dos quatro hotéis, a ocupação já está em 70%”, disse.
Bernardes explicou que houve também muita demanda do Itamaraty para bloqueio de quartos. “Como há uma mudança mais ampla de governo, o ministério acabou pedindo mais quartos do que em posse anteriores. Alguns chefes de Estado já estão confirmando a vinda para Brasília”.
Outros hotéis, como Cullinan, Athos Bulcão, Vision, Fusion e Saint Moritz, que falaram com a reportagem, também já estão praticamente lotados, indo de 81,47% a 94,03% dos leitos ocupados no dia 31 de dezembro e de 69,58% a 77,17% no dia seguinte.
Caravanas
Caravanas organizadas por movimentos de direita já estão em viagem a Brasília. Na última quinta (27), 30 pessoas do grupo Direita Manaus partiram de avião à capital.
Entre este sábado (29) e segunda (31), mais 60 pessoas ligadas ao movimento deixarão o Amazonas, afirma o presidente do grupo, Carlos Lucoli. Pelo número de viajantes e pela condição das estradas que levam de Amazonas e Brasília, o organização optou por ir à posse em voos comerciais.
Leia também: Decreto autoriza destruição de ‘aeronaves hostis’ na posse de Bolsonaro
“Começamos a nos preparar quando acabou o primeiro turno”, diz Lucoli, que comprou sua passagem no período. “A gente já vinha se preparando. Dizia: ‘Com certeza ele será o presidente da República, já compre suas passagens’. Quem se antecipou comprou por um valor agradável.”
O movimento Endireita Fortaleza, por sua vez, parte do Ceará na noite deste sábado rumo a Brasília em um ônibus com 56 lugares, no qual há famílias com crianças, idosos e adolescentes. “Vai gente de todas as faixas etárias”, diz Paloma Freitas, diretora administrativa do grupo. “Tem um jovem que fez 18 anos no mês passado e vai sozinho.”
Cada membro da caravana, que volta ao Ceará no dia 1º, pagou R$ 650, valor que cobre as passagens de ônibus e refeições. A hospedagem será na casa de uma amiga dos organizadores.
Segundo Freitas, a viagem foi planejada a pedido de membros do grupo, que gostariam de ir à posse. “A gente terminou o segundo turno cansado. Falei que não ia fazer a viagem, porque não tinha condições. Mas o pessoal ficava pedindo”, diz. Em meados de novembro, resolveram ir.
“A gente se sente recebendo a faixa, porque fez a campanha e teve um candidato no hospital desde o primeiro turno”, afirma. “É um momento muito, muito emocionante. Saber que você pode mudar a sua história e a do seu país. E é mudança feita pelo povo, não pela Odebrecht, pela Queiroz Galvão.”
Shil Luiz, parte do grupo Anjos da Guerra, organiza 49 ônibus com cerca de 40 lugares saindo de diversos estados para Brasilía. “De Porto Alegre saíram cinco ônibus na sexta (28) à noite e dois saíram do Rio”, conta.
Durante a campanha do segundo turno, membros de grupos do qual ele faz parte no WhatsApp e no Facebook começaram a pedir para que organizasse a viagem. Luiz conta que buscaram apoio de empresários, mas não conseguiram ajuda. Os participantes desembolsaram, então, entre R$ 500 e R$ 900 para pagar a viagem, que inclui hospedagem em hotéis.
Os grupos são heterogêneos, afirma, e incluem muitas famílias. “Muitos pais estão fazendo questão de levar seus filhos por acreditarem, como eu acredito, ser um evento histórico no nosso país. Cada um tem suas convicções políticas, mas ficamos à mercê da corrupção durante muito tempo. O que a gente está fazendo é dar um voto de confiança para o Bolsonaro e para esse novo governo.”
Leia também: Registro de arma sobe 280%; governo Bolsonaro promete facilitar a posse sem mudar a lei
Agências de turismo também organizaram viagens para a posse. A empresa A Via, por exemplo, está vendendo 14 pacotes partindo do Rio e do interior do estado fluminense, assim como de Campinas (SP) e outras cidades, para passar a virada na capital federal.
No Rio, o grupo Caravana Amigos do Mito vai sair do Maracanã na noite deste sábado (30) para levar apoiadores ao evento em um ônibus semileito, por R$ 399. Após 24 horas de estrada, haverá uma confraternização de Ano Novo, com retorno logo após a posse.
Em Minas Gerais, a Associação dos Militares e Ex-Integrantes das Forças Armadas do estado oferece pacote partindo no domingo de Barbacena e passando por Belo Horizonte por R$ 450, levando cerca de 15 horas.
Segundo o sargento Walfredo Rodrigues, presidente da organização, participarão da viagem 50 militares, ex-militares e civis. O preço inclui café da manhã, hospedagem em um hostel e seguro viagem.
Em Brasília, membros de caravanas farão reuniões com lideranças nacionais de outros movimentos de direita para discutir as estratégias para 2019 e 2020. “Nosso objetivo será as eleições municipais. O projeto de todos os movimentos é lançar candidatos às prefeituras e vereadores”, diz Lucoli, que é filiado ao PSL, partido de Bolsonaro.
Shil Luiz também participará de reuniões com outros grupos de direita no dia 1º. Ressalta que um dos motivos da viagem é comemorar a vitória de Bolsonaro, mas que se ele ou outros políticos não agirem em interesse do povo, os movimentos voltarão às ruas.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada