Eduardo Bolsonaro, no final de seu primeiro mandato, é um dos mais experientes da bancada| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil

Nanico até março deste ano, o PSL terá a missão de dar sustentação no Congresso ao presidente eleito, Jair Bolsonaro. O partido saltou de um parlamentar eleito em 2014 para a segunda maior bancada da Câmara na próxima legislatura, com 52 deputados. Destes, segundo um levantamento do Estadão Dados, 47 nunca haviam sido eleitos para prefeito, governador, assembleias legislativas ou o próprio Congresso.

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Com uma bancada cuja diversidade varia de youtuber a coronel, o desafio será dar unidade ao grupo parlamentar. Para isso, o partido pretende capacitar seus parlamentares com uma bateria de “aulas” sobre temas como regimento da Câmara, economia e saúde. Segundo o presidente da sigla, Luciano Bivar, as palestras devem acontecer em janeiro, após a posse de Bolsonaro.

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Filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), no final de seu primeiro mandato, é um dos mais experientes na bancada. No entanto, existe apenas um projeto de lei aprovado com a sua assinatura - que liberou para a venda a chamada “pílula contra o câncer”. Recentemente, ele se envolveu em polêmica, ao dizer que o novo presidente da Câmara deveria “tratorar” os projetos da oposição.

A legenda recebeu neste ano R$ 6,2 milhões de Fundo Partidário, que saltará para a maior fatia, com R$ 110 milhões em 2019, segundo estimativa do Estado. Há ainda uma chance de a bancada aumentar, com a incorporação de partidos ou deputados de siglas que não ultrapassaram a cláusula de barreira.

Aulas para os novatos

O desafio a partir de agora será estruturar o partido para a nova estatura e tornar a bancada a mais coesa possível, como disse Bivar ao Estado. A primeira reunião dos parlamentares eleitos desde o fim do segundo turno foi antecipada em uma semana - será na próxima quarta-feira. No encontro, a sigla deve discutir encaminhamento de bancada, escolha de líder e prioridades do governo no Congresso, especialmente as reformas econômicas.

“A ideia é dar boas vindas e ter uma palestra sobre o liberalismo do Partido Social Liberal. Os deputados são eleitos e são colegas, mas não se conheciam antes. Tem deputado que nem eu conheço”, disse Bivar.

As aulas serão organizadas, segundo ele, pela Fundação do partido, o Instituto de Inovação e Governança (Indigo). Atualmente, a fundação continua sob o comando do filho de Bivar, Sérgio, que deixou o partido em fevereiro com outros membros do Livres, depois que o clã Bolsonaro migrou para a legenda.

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No próximo ano, quem deve comandar o braço teórico da legenda é Marcos Cintra, o economista responsável pela área tributária na equipe de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia. O professor da FGV também deve ministrar as aulas para a bancada do PSL, ao lado de Eduardo Bolsonaro.

Há ainda a possibilidade de o partido pleitear a presidência da Câmara. O apoio do DEM ao governo Bolsonaro está vinculado à retribuição dos bolsonaristas em dar suporte à manutenção de Rodrigo Maia (DEM-RJ) no comando da Casa. Parlamentares do PSL, no entanto, ainda relutam em apoiá-lo.

Deixando de ser provisório

O PSL existe desde 1994, mas se projetou com a entrada de Bolsonaro neste ano. Para abrigar a família, o partido realizou algumas mudanças no estatuto e Bivar abriu mão da presidência para dar lugar a um dos assessores de Bolsonaro durante a campanha, o advogado Gustavo Bebianno. Terminada a eleição, o pernambucano de 73 anos, fundador do PSL, retomou o comando da legenda.

Até anteontem, apenas dois dos 27 diretórios estaduais não eram provisórios. Foi feita uma votação que homologou os presidentes interinos e reconduziu Bivar, oficialmente, para a presidência da sigla.

“O Bivar é o mais experiente ali. Sabe o que faz. Se ele achar que deve compor a executiva nacional com eleitos, ok. Se o critério for número de votos ou experiência, ok. Eu assino embaixo”, disse a deputada federal eleita por São Paulo, Joice Hasselmann.

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Segundo apurou o Estado, o estatuto da sigla deve sofrer algumas alterações. O presidente do PSL admite mudanças para adaptar o partido a algumas questões técnicas estabelecidas pelo TSE, mas um interlocutor afirmou que outros pontos também podem ser modificados.

Questionado se avalia que deveriam haver mudanças no partido, o deputado eleito Carlos Jordy (RJ) lembra que quando entrou para o PSL, no início do ano, o nome foi um dos pontos mais polêmicos. “Quando pegamos o partido, se questionou muito a sigla ‘partido social liberal’ porque nosso grupo é muito mais conservador nos costumes e liberal na via econômica. E social liberal tende muito mais para liberalismo libertário.”

O vereador de Niterói, egresso do PSC, disse que está mais focado em estudar para sua estreia na Câmara do que se envolver em questões partidárias. Para ele, seria “bacana mudar o nome mais para frente, mas isso está a cargo da nacional”.


5 Perguntas para Luciano Bivar, presidente do PSL

Luciano Bivar foi candidato à Presidência pelo PSL em 2006 
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1. A bancada do partido terá unidade em pautas que tratam de costumes e em outras, como a da Escola sem Partido?

Escola sem Partido é uma prioridade. Escola tem de ensinar geografia e matemática, não para fazer política. Temos que explicar isso a todos os nossos deputados.

2. O projeto de criminalização do comunismo, de Eduardo Bolsonaro, é uma pauta da bancada?

O comunismo, se tem um partido político, tem de ser respeitado como partido. Eu defendo essa tese. O partido não alcançou a cláusula de barreira. Não é preciso que a gente criminalize o comunismo. Não tem motivo para criminalizar esse e aquele partido.

3. O PSL vai lançar candidato à Presidência da Câmara, da Comissão de Constituição e Justiça e outras?

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Vou ter uma conversa com o presidente (eleito, Jair Bolsonaro) na terça-feira, 20, sobre esse assunto. E, na quarta-feira, 21, com a bancada. Vamos ver o que queremos como partido. Se for preciso reivindicar algumas coordenadorias, comissões, mesa ou presidência, a gente vai fazer.

4. Quais o nomes para liderar o PSL na Câmara?

Tem vários nomes. O Eduardo pode ser. Tem também a Joice (Hasselmann).

5. Como vai ser a relação do partido com o presidente?

O próprio Bolsonaro não quer se meter nisso, mas a nossa grande alavancagem se deve a ele. Isso é irrefutável. Enquanto eu for presidente do partido, vou ser como o primeiro-ministro da Inglaterra dele. Tenho de consultar a rainha para saber os caminhos que vou trilhar. Quem pensa que a rainha da Inglaterra não faz nada, está enganado. Vou consultar sempre o Bolsonaro, que é um filiado meu. Vou abstrair o cargo dele na Presidência e consultá-lo como membro do PSL. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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