O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, usou as redes sociais nesta quinta-feira para criticar o aperto orçamentário que a Força Terrestre está sofrendo.
“Conduzo seguidas reuniões sobre a gestão dos cortes orçamentários impostos ao @exercitooficial. Fazemos nosso dever de casa, mas há limites”, desabafou o general em seu microblog.
Foi um alerta para as dificuldades que a Força está enfrentando e o grave contingenciamento de recursos que está praticamente paralisando os programas estratégicos do Exército, como o Sisfron, sistema de vigilância de fronteiras, de acordo com fontes militares.
O comandante não diz no seu Twitter, mas, segundo informações obtidas pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, os recursos hoje disponíveis nos caixas da Força Terrestre são suficientes para que se chegue apenas até o mês de setembro.
Missões sem pagamento
A principal queixa dos militares é que o governo federal impõe seguidas missões ao Exército em todas as áreas, mas a equipe econômica não repassa os recursos necessários para o desempenho dos trabalhos. A última delas foi no Rio de Janeiro, com uma nova ida de tropas para as ruas, para tentar oferecer um pouco de segurança à população.
Tem sido assim desde o início do ano, quando o Exército foi chamado para fazer pelo menos quatro outras missões: varreduras em presídios quando houve guerra de quadrilhas nas cadeias no norte do País; no motim do Espírito Santo, quando a tropa federal foi para as ruas na época do Carnaval e a Polícia Militar do Rio fez uma espécie de operação padrão; e, no mês de junho, quando foram chamados para ajudar na reconstrução de cidades atingidas por enchentes em Pernambuco. Em todos os casos, os recursos, até hoje, não foram devolvidos à força.
Somente neste fim de semana, quando o Exército foi para as ruas no Rio, por ordem do presidente Michel Temer, a força gastou R$ 5 milhões. Por dia, o emprego de cada brigada militar no estado custa em torno de R$ 1,2 milhão. A consequência disso é que o Exército já está usando as reservas de combustível e alimentação, que só em caso de excepcionalidades poderiam estar sendo gastas.
A falta de recursos é tão grande que não há mais o que cortar, de acordo com oficiais-generais consultados pela reportagem. A avaliação é de que a equipe econômica foi dura com vários ministérios em seus cortes. Mas, no caso do Ministério da Defesa, foi além do limite, a ponto de os estoques estratégicos estarem sendo consumidos, o que é considerado “gravíssimo”.
Os militares ressaltam que não fazem objeção de ajudar vários estados, como é o caso agora do Rio, mas fazem ressalvas de que, para isso, é preciso que, no mínimo, sejam dados os meios para executar tais operações.
“Crise política, econômica e moral”
Mais cedo, na cerimônia de entrega de espadas ao promovidos, o chefe do Estado Maior do Exército, general Fernando Azevedo e Silva, salientou que os novos generais “no campo interno, chegam em meio a uma crise sem precedentes: na política, na economia e, principalmente no aspecto moral”.
Segundo o general Fernando, “as Forças Armadas, mantenedoras da estabilidade e fiadoras da Constituição, são as derradeiras guardiãs da lei e da ordem, e emergem, por seus méritos, como as Instituições de maior credibilidade junto à população brasileira”.
Em seguida, avisou: “O povo sabe que pode contar conosco para defender a democracia, a nossa terra e os nossos valores”.
Depois de lembrar que “o emprego atual da Força Terrestre, nos momentos de crise ou de extrema necessidade”, “cada vez mais frequentes”, acontecerá, normalmente, em conjunto e perfeita sintonia com Aeronáutica e Marinha, o general Fernando saudou os promovidos alertando-os que “estamos vivendo em duros tempos do possível” e que o momento é de “priorizar a operacionalidade” e “os nossos valores”.
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