Convidado para o Ministério da Justiça, o ministro da Transparência, Torquato Jardim, sinalizou a ministros e interlocutores do presidente Michel Temer que terá um controle maior sobre o comportamento da PF de agora em diante. O novo ministro, no entanto, não definiu se isto significa uma troca no comando da Polícia Federal (PF).
Ao presidente Michel Temer, Torquato disse que pretende conversar com o diretor-geral do órgão, Leandro Daiello, antes de tomar qualquer decisão sobre a permanência dele no cargo. Segundo relatos, o futuro ministro da Justiça disse ao presidente que ainda não tem informações suficientes para um diagnóstico sobre a situação da PF e que não quer fazer nenhum gesto sem saber dos detalhes da situação interna na corporação.
O comando da PF está na mira de muita gente em Brasília. Sua atuação foi muito criticada por petistas, que estiveram entre os primeiros alvos da Operação Lava Jato, mas, como se vê agora, também desagradava o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG).
Em conversa com o sócio da JBS Joesley Batista, gravada pelo empresário, Aécio afirmou ter pressionado o presidente Temer para fazer mudanças no órgão, a começar pela troca do diretor-geral, que ocupa o cargo desde 2011. “Tem que tirar esse cara”, disse Joesley, segundo reportagem da “Folha de S.Paulo”. Em seguida, Aécio repetiu: “Tem que tirar esse cara”.
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Leia a matéria completaA conversa foi gravada em 24 de março, num hotel em São Paulo. De acordo com a “Folha”, Aécio disse a Joesley que o governo deveria aproveitar a crise gerada pela Operação Carne Fraca para a troca. Comentou também que outros empresários estavam pressionando Temer para fazer a troca.
“Excessos”
Após se tornar alvo das investigações, Temer passou a dizer que há excessos por parte da Polícia Federal e que eles devem ser corrigidos.
O presidente demonstrou forte incômodo, por exemplo, com o fato de a PF ter tentado tomar diretamente seu depoimento semana passada na investigação que apura a delação do dono da JBS, o empresário Joesley Batista. Para o presidente, é preciso combater o “voluntarismo de interpretação” na PF.
Entidades de classe criticaram a troca de comando no Ministério da Justiça e manifestaram preocupação com o que consideram uma tentativa de controlar a operação Lava Jato. Em nota, a Federação Nacionais do Policiais Federais afirma esperar que o novo ministro “gerencie sua pasta com imparcialidade sem qualquer tentativa de interferência nas investigações da PF, especialmente na Operação Lava Jato”.
Já o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Sobral, disse que a mudança pode ser a senha para uma eventual intervenção política na PF, com o propósito de esvaziar a Lava Jato e outras investigações sobre corrupção.
“Não só o diretor geral, mas todo o comando da instituição. Quem nomeia essas pessoas é o ministro da Justiça. A troca do comando da instituição pode gerar atrasos, interferências ou interrupções nas investigações”, afirmou.
O delegado lembra que, em recentes diálogos captados a partir da delação de executivos da JBS, os senadores tucanos Aécio Neves (MG) e José Serra (SP), ambos investigados na Lava Jato, foram flagrados articulando a saída de Osmar Serraglio da Justiça.
Segundo Sobral, um ministro da Justiça pode interferir de várias maneiras para enfraquecer a atuação da polícia. Uma delas é com o corte de verbas para grandes operações. Outra, é a indicação política para cargos estratégicos da instituição.
O novo ministro da Justiça deve ser pressionado por alas do governo que defendem um “freio de arrumação” no órgão, responsável pelas investigações da Lava Jato: “Em algum momento vai ter que mexer naquilo, não dá para ficar como está”, afirmou um auxiliar de Temer.
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