O ex-presidente Michel Temer está acomodado desde a noite de quinta-feira (21) em uma sala escura na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro, onde cumpre prisão preventiva (por prazo indeterminado). O cômodo tem três ambientes, incluindo banheiro privativo, e foi totalmente lacrado para receber o prisioneiro ilustre.
Antigo escritório do corregedor da PF, a sala teve as janelas vedadas com chumbo derretido. Além de “chumbadas”, as janelas foram cobertas de película negra, impedindo a vista ao pátio interno do prédio. O chumbo é para impedir fuga. Já o revestimento preto impede que seja visto e tenha acesso ao pátio do prédio.
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Sem iluminação natural, a sala mantém luminárias permanentemente acesas. Localizada no terceiro andar da superintendência, o aposento tem uma sala maior – dividida por uma grande mesa de reunião – e uma antessala, onde fica um sofá e cadeiras.
Na sala maior, há uma aérea de trabalho, com mesa e cadeira. No lado oposto, em um canto, há uma cama de solteiro. Ao lado da mesa, está um frigobar. Uma TV também será levada ao local.
As primeiras 24 horas na cadeia
Na noite de quinta-feira, ofereceram jantar ao ex-presidente. Mas Temer recusou a oferta. Segundo relatos, ele manifestou irritação ao chegar à sala. Temer se diz injustiçado.
O ex-ministro Carlos Marun, que visitou o ex-presidente nesta sexta-feira (22), diz que, sem as janelas, a luz artificial fica ligada o tempo todo. Ainda segundo ele, o aposento é um escritório adaptado: “não é o ideal. Mas ele está sendo bem tratado”, disse.
Segundo Marun, Temer tem manifestado muita preocupação com sua família. O ex-presidente teme, entre outras coisas, que o caçula seja hostilizado na escola. “Ele está sem contato externo e fica preocupado. Mas eu disse que está tudo bem. Que é hora de se preocupar com ele”, contou. Ainda segundo o ex-ministro, Temer, que ontem vestia uma roupa social, hoje usa um abrigo.
Tratamento isonômico
Em sua decisão sobre o local da prisão, o juiz Marcelo Bretas determinou que a PF forneça, se tiver condições, “itens mínimos” compatíveis com os oferecidos a Lula em Curitiba. “Entendo que o tratamento dado aos ex-presidentes deve ser isonômico, uma vez que o ex-presidente Lula está custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba”, escreveu o juiz.
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Inicialmente, Bretas havia determinado que Temer fosse enviado ao Batalhão Especial Prisional (BEP), unidade gerida pela Polícia Militar do Rio em Niterói, na região metropolitana da capital. Reservada a policiais, a unidade mantém hoje o ex-governador Luiz Fernando Pezão, acusado de participar do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral.
A mudança foi feita a pedido da defesa de Temer e após consulta à Polícia Federal, que afirmou ter condições de custodiar o ex-presidente, preso na manhã de quinta na Operação Descontaminação, que apura corrupção em obras da usina nuclear Angra 3.
O ex-presidente chegou ao local no início da noite e foi recebido por cerca de dez manifestantes que gritavam “golpista” e “ladrão”.
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