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| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A greve dos caminhoneiros começa a arrefecer, três dias após o governo federal anunciar um acordo definitivo para que eles voltem às atividades. Enquanto alguns estados começam a ter o abastecimento de combustíveis e alimentos restabelecidos, cidades catarinenses ainda enfrentam dificuldades para normalizar a situação.

Alguns postos do estado estavam sem combustíveis desde a última quinta-feira (24), quando a greve começou a afetar com mais intensidade o país. Ao contrário de outras regiões, porém, que eram parcialmente reabastecidas ao longo dos 10 dias da paralisação, algumas cidades de Santa Catarina começaram a ter combustível somente nesta quarta-feira (30).

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No sul do estado, porém, a situação continua complicada. Grevistas não cumpriram o acordo feito com a Polícia Militar para liberar a passagem de caminhões-tanque. Cidades como Criciúma, Araranguá, Imbituba e Laguna continuam sem combustível e sem perspectiva de normalização.

Em nota divulgada nesta quarta, o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis (Sindópolis) informou que alguns postos da capital catarinense e região começam a ter o abastecimento de gasolina retomado. A venda, porém, ainda é limitada a R$ 100 por consumidor e a comercialização do combustível em galões está proibida.

Durante a manhã, longas filas foram registradas nos postos que tinham gasolina para vender. Até o início da tarde, já haviam recebido gasolina os municípios de Florianópolis, Joinville, Brusque, Guabiruba, Itajaí, Balneário Camboriú, Palhoça, São José e Chapecó.

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Inicialmente, o Sindópolis confirmou, na noite de terça-feira (29), que 300 mil litros de combustível seriam distribuídos entre 13 postos, mas o sindicato afirma que mais estabelecimentos foram abastecidos. Por orientação da Polícia Militar não foi divulgado o nome dos postos que receberam as cargas.

Presidente do Sindicombustíveis de Santa Catarina, Giovani Testoni calcula que, a depender do volume de combustível que chegue às cidades do estado, os postos podem levar até quatro dias para começar a normalizar seus estoques. “Santa Catarina é o estado onde os piquetes mais demoraram para se dissolver. A conversa mais avançada [entre grevistas e autoridades] só está acontecendo agora”, explica o sindicalista.

Alimentos e outros produtos

Nos supermercados do estado a situação também é complicada, de acordo com a Associação Catarinense de Supermercados (Acats). Segundo a entidade, todas as regiões do estado enfrentam a escassez de gás de cozinha, essencial para o funcionamento dos setores de padaria e confeitaria das lojas.

Os maiores problemas de distribuição em todo o estado estão no segmento de frutas, legumes e verduras, leite, pães industrializados, derivados do leite em geral e demais itens perecíveis lácteos, que não estão sendo entregues desde o primeiro dia de paralisação dos caminhoneiros.

Nos setores de higiene e limpeza o principal problema é a oferta de papel higiênico e algumas marcas de desinfetantes de largo consumo.

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Algumas categorias de produtos como leite e derivados lácteos, laticínios, ovos, azeites/óleos, carnes in natura, cereais como arroz trigo e feijão estão disponíveis, mas tem restrição de sortimento, isto é, menos opções de marcas e tipos de embalagens/pesos.

Segundo a Acats,a depender da localização dos supermercados, e também da velocidade com que os fornecedores irão chegar para a reposição de mercadorias, a estimativa é de que a situação do abastecimento ​seja normalizada em até 10 dias. Em algumas lojas situadas no interior o prazo chega a ser de 15 a 20 dias, pelas distâncias maiores a serem percorridas pelos transportadores.

A Ceasa/SC informa que, ape​sar do feriado de Corpus Christi, as unidades de atendimento funcionarão normalmente nesta quinta-feira (31), com previsão de chegada de algumas categorias de frutas, legumes e verduras que estão em falta e que serão supridas por fornecedores do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul e também do interior de Santa Catarina. As lojas de supermercados também estarão operando normalmente nesta quinta, seguindo seu cronograma normal de atendimento a partir daí, inclusive nos finais de semana.

Indústria

Segundo um levantamento feito pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a paralisação afeta intensamente 70% das fábricas do estado. Conforme o levantamento, realizado com 905 empresas, quase metade das companhias estimam prejuízos de pelo menos 20%.

Em relação aos segmentos industriais, consideram-se muito afetadas ou paralisadas as indústrias do setor agroalimentar (83%), bens de capital (82%), têxtil e confecção (78%), celulose e papel (78%), produtos químicos e plásticos e automotivo (80%) e cerâmico (60%).

Apoio de empresários

O Ministério da Segurança Pública colocou a Polícia Federal para investigar a prática de locaute durante a greve – quando o movimento é coordenado por empresas privadas. O auxílio de empresários é uma das explicações do governo para a greve ter durado tanto tempo, mesmo depois que o presidente Michel Temer (MDB) anunciou diversas medidas em benefício dos caminhoneiros, a fim de acabar com a paralisação.

Em Santa Catarina, o dono da Havan, Luciano Hang, foi um dos empresários que publicamente declararam apoio à paralisação. “Eu apoio a greve dos caminhoneiros. Embora nossos caminhões também estejam parados nas estradas, algo precisa ser feito para baixar o preço abusivo dos combustíveis. É preciso baixar impostos, acabar com o monopólio estatal e privatizar a Petrobras. O brasileiro precisa parar de pensar que a Petrobras é nossa. Ela é de um grupo seleto de políticos, seus funcionários graduados e sindicatos. Infelizmente, ela jamais foi do povo brasileiro, nós só pagamos a conta. Quem puder ajudá-los com água e comida estará ajudando o Brasil”, disse o empresário no Facebook.

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