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Advogado Roberto Teixeira teria combinado assinatura dos recibos por meio de ligações telefônicas a Glaucos da Costamarques, que estava internado. | CELSO JUNIOR/AE
Advogado Roberto Teixeira teria combinado assinatura dos recibos por meio de ligações telefônicas a Glaucos da Costamarques, que estava internado.| Foto: CELSO JUNIOR/AE

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou nesta quinta-feira (19) ao juiz da Lava Jato Sergio Moro um relatório apontando ligações telefônicas entre o advogado Roberto Teixeira, compadre e amigo de Lula, e o empresário Glaucos da Costamarques, que também é primo de José Carlos Bumlai.

Segundo os procuradores da força-tarefa, foram 12 ligações entre novembro e dezembro de 2015, quando Glaucos estava internado no Hospital Sírio-Libanês. No entendimento dos procuradores, as ligações entre os réus corroboram o depoimento do empresário sobre a assinatura dos recibos de aluguéis do apartamento vizinho ao de Lula, em São Bernardo do Campo (SP).

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Para o MPF, Glaucos é “laranja” de Lula: o ex-presidente seria o verdadeiro dono do apartamento , que teria sido pago pela Odebrecht. A defesa do petista alega que o imóvel foi locado a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Para comprovar a tese, apresentaram uma série de recibos com erros de data e de grafia. Moro determinou que a defesa apresente os recibos originais.

“Os elementos ora trazidos [as ligações] vêm a corroborar a narrativa feita por Glaucos da Costamarques a respeito de ter sido contatado por Roberto Teixeira, durante a internação, período em que o contador João Muniz Leite compareceu ao hospital levando recibos para a colheita de assinaturas referentes à simulada locação do apartamento 121”, escreveu o MPF.

Em depoimento a Moro, Roberto Teixeira negou que esteve no hospital no período de internação de Glaucos. Já o empresário afirma que Teixeira o visitou naquela ocasião, em 2015, e que assinou os recibos por solicitação dele.

Outro lado

Em nota intitulada “Após desmentido do hospital, Lava Jato cria nova versão”, o advogado de Lula Cristiano Zanin Martin divulgou a nota abaixo:

“Os procuradores da Lava Jato criaram uma nova versão fantasiosa depois que a narrativa do proprietário do imóvel sobre os recibos de locação de 2015, que serviu de base para o questionamento sobre esses documentos pelo MPF, foi desmentida por 2 ofícios enviados pelo Hospital Sírio Libanês ao juiz Sérgio Moro. Os ofícios mostram que o Sr. Glaucos da Costamarques não foi visitado no hospital pelo advogado Roberto Teixeira enquanto estava internado, entre novembro e dezembro de 2015.

A Defesa do ex-Presidente Lula já demonstrou que além de os recibos apresentados conterem declaração de quitação dos aluguéis, prova mais plena de pagamento segundo a lei, os elementos constantes no processo confirmam que o proprietário recebeu os valores na forma contratada.

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O Sr. Glaucos reconhece ser o proprietário do imóvel, pago por meio de cheques administrativos, o que desmonta a acusação do MPF de que a compra do imóvel teria sido feita por meio de valores provenientes de 8 contratos da Petrobras, o que jamais foi provado.

Constam no processo para confirmar a posição da defesa do ex-Presidente Lula, dentre outros elementos, os seguintes: (i) quebra do sigilo bancário do proprietário, mostrando que ele recebeu entre 2011 e 2015 diversos pagamentos em dinheiro, que superam em mais de sete vezes o valor total dos aluguéis; (ii) pagamento do carnê-leão sobre o recebimento dos aluguéis; (iii) declaração do contador de que recebia das mãos do proprietário e periodicamente os recibos de locação.

A Força Tarefa da Lava Jato volta a agir de modo desleal, ao anexar ao processo nesta data um relatório unilateral, com base em dados telefônicos que dispunha desde janeiro de 2017 e que em relação aos quais a defesa do ex-Presidente Lula não tem acesso. Mais uma vez faz-se uso de elementos “secretos” na ação, estranhos à acusação contida na denúncia, violentando a garantia constitucional da ampla defesa.

O MPF busca, ainda, confundir chamadas não efetivadas e ainda chamadas dirigidas a um ramal central com supostos telefonemas ao advogado Roberto Teixeira.”

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