O Brasil conseguiu parar de cair no ranking de competitividade global, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral, e ficou na 80ª posição neste ano, entre 137 países avaliados. Desde 2013, o país vinha ladeira abaixo na comparação com outros nações.
No ano passado, atingiu sua pior colocação, a 81ª. Não é que o avanço de uma posição não possa ser comemorado, mas está longe de ser motivo de orgulho para os brasileiros.
Afinal, há cinco anos o Brasil chegou a ocupar a 48ª colação. Agora, o país está à frente de países como Trinidad e Tobago (83º), El Salvador (109º), Venezuela (127º) e Iêmen (137º). Mas segue muito atrás de “potências” como Jamaica (70º), Kuwait (52º) e Indonésia (36º).
Na América Latina, o Brasil só tem desempenho melhor que Guatemala, Argentina, Equador, Paraguai e Venezuela.
Apesar de ter evoluído em 10 dos 12 itens avaliados no relatório, o Brasil ainda apresenta desempenho pífio em várias áreas. E há aquelas em que consegue ser o pior de todos os países avaliados. Ou seja: há muitos desafios para serem superados e muito trabalho por fazer.
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A desgraça total
Nenhum país do ranking de competitividade é pior que o Brasil em dois quesitos. Um deles é a confiança nos políticos: o brasileiro é o povo que menos confia em sua classe política, com uma pontuação de 1,3 em um índice que vai até 7. Em 2008, o Brasil era o 122º entre 134 economias. Em 2013, ocupava a 136ª posição de um total de 148 países avaliados. Em 2017, o Brasil é o último colocado entre 137 países.
O Brasil também é o lanterna no indicador que trata da tributação sobre os incentivos ao trabalho. Nesse quesito, a pergunta é em que medida os impostos e as contribuições sociais reduzem o incentivo ao trabalho. O Brasil também é o último colocado nessa lista. Em 2013. O país estava na 138ª colocação, entre 148 avaliados.
E isso que o desempenho do país no quesito eficiência do mercado de trabalho cresceu com a aprovação da reforma trabalhista. Segundo o relatório, essa é uma das oportunidades que podem ser exploradas no país. “Com a ampliação das possibilidades de negociação e a flexibilizações de questões como jornada e tempo de trabalho, espera-se que a produtividade deva aumentar, assim como os salários no médio prazo”, indica o relatório.
A desgraça parcial
Apesar de não “liderar” mais nenhuma lista negativamente, o Brasil tem outros oito motivos para se envergonhar dos resultados apresentados no ranking de competitividade global.
Os itens que avaliam as instituições políticas não são animadores. No que se refere a desvio de recursos públicos, o Brasil está entre os quatro piores no ranking – só fica à frente da República Dominicana, Chade e Venezuela. Já no critério sobre eficiência dos gastos governamentais, o país aparece entre os quatro piores – está na frente de Zimbábue, El Salvador e Venezuela.
O peso do governo também é lembrado. No quesito que avalia quão custoso é para as empresas cumprirem os requisitos da administração pública com licenças, regulamentos e relatórios – tudo que diz respeito à regulação – o Brasil está na penúltima colocação, à frente apenas da Venezuela.
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A carga tributária também é problemática. Na avaliação do ranking, o Brasil é o penúltimo país na lista daqueles em que os impostos reduzem o incentivo para investimentos. Só é melhor que a Grécia. E o protecionismo da economia nacional se revela em outro indicador: o da importação de mercadorias e serviços como porcentagem do PIB. Mais uma vez, o Brasil é o penúltimo nesse quesito – mais uma vez só ficando na frente da Venezuela, que está mergulhada em um caos político, econômico e social.
E não é só na economia e política que o país vai mal. Na educação e saúde, também há indicadores muito ruins. A qualidade da educação como um todo já não é muito bem avaliada – o país ocupa a 125º posição na avaliação do sistema educacional. Mas o resultado é ainda pior quando se fala em ensino de matemática e ciências. O Brasil está na 131º posição quando se trata da qualidade do ensino dessas duas disciplinas – superando apenas Lesoto, Paraguai, Iêmen, Nicarágua, República Dominicana e Guatemala.
Já na saúde, o resultado em uma lista pode confundir. O brasil é o quinto país com desempenho mais alto para o risco que a malária pode representar para empresas, considerando despesas médicas (inclusive a morte de funcionários) e a queda de produtividade que pode ser acarretada por problemas de saúde recorrentes. O (mau) impacto da malária nos negócios no Brasil só é inferior aos indicadores do Equador, Argélia, República Dominicana e México.
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