Reportagem da revista Veja que descreve o local onde Lula está preso, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), indica que dois agentes do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) da PF seriam os responsáveis pela vigilância do ex-presidente, detido desde o dia 7 de abril. Segundo a reportagem, os agentes ficariam na entrada da sala, fardados e munidos de pistola. A PF não confirma a informação.
O GPI foi criado em 2009 pela Polícia Federal. O objetivo do grupo, focado em ações táticas, é fazer a primeira intervenção em situações em que o risco é considerado alto. O que envolve assalto a bancos, prisões cujos alvos são considerados perigosos, ações em favelas, controle de manifestações que se transformam em distúrbio, tomada e ocupação de edificações, operações embarcadas, prisão de sequestradores e outras que necessitem de uma resposta mais imediata. Segundo informações da própria PF, os treinamentos regulares são dados pelo Comando de Operações Táticas (COT) e também por outras forças policiais, incluindo grupos do exterior.
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As atribuições são semelhantes às do COT, considerado a tropa de elite da PF. Criado em 1987 para combater o terrorismo, o comando conta com menos de 100 policiais treinados para atuar em ações que envolvem o desarmamento de bombas, resgate de reféns, assalto a bancos, prisão de traficantes internacionais e operações de reintegração de terras indígenas.
No histórico, o grupo já registrou a atuação com sucesso em três sequestros de aeronaves. Como a sede do COT é Brasília, o GPI, por estar presente em outros estados, tem a prerrogativa de responder rapidamente ao tipo de ação para o qual foi criado. Em 2010, o GPI participou das ações de pacificação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
O grupo foi apontado também como a primeira opção de uso da Polícia Federal para o caso de uma eventual resistência à prisão de Lula, o que não aconteceu. No dia 6 de abril, um dia antes da prisão do petista, alguns agentes do GPI se dirigiram à superintendência da PF em Curitiba, onde Lula está detido.
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Casca grossa
Um vídeo postado na página dos Agentes Federais do Brasil no Facebook mostra trechos de um treinamento pesado realizado por homens do GPI do Rio Grande do Sul. As imagens mostram agentes em área de mata, em exercícios físicos, simulação de ações com armas de grosso calibre em locais confinados e descampados, treinamento de luta corporal em um tatame armado em local aberto, e a entrada em um ambiente que se assemelha a uma favela em um morro.
Para os agentes federais, o ingresso no GTI é feito de forma voluntária, e a aprovação depende da realização de testes físicos, psicológicos e a aprovação no curso de técnicas de intervenção, ministrado pelo COT. O curso conta com disciplinas como patrulha urbana e rural, retomada de edificações, combate corpo a corpo, armamento e tiro, operações menos letais, gerenciamento de crises e atendimentos de pronto socorro.
Como as atribuições do GPI são as mesmas do COT, os agentes de pronta intervenção passam por atualizações frequentes, com objetivo de padronizar eventuais mudanças de doutrina adotadas pelas operações táticas.
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Texto publicado no site do Sindicato dos Policiais Federais do Rio Grande do Sul (Sinpef-RS) e atribuído à página dos Agentes Federais do Brasil avalia que, “apesar de eficaz, o grupo está sendo bastante prejudicado”. O documento diz não existir um treinamento permanente para os integrantes do grupo, assim como não há um setor específico. “Simplesmente desempenham suas funções normalmente na delegacia em seu setores de origem e caso ocorra necessidade, são acionados”.
O material informa ainda que agentes do GPI foram empregados com frequência em ações da Operação Lava Jato para “conter distúrbios civis” e “ajudar no cumprimento dos mandados de busca e apreensões”.
PF questiona revista
Em nota, a Polícia Federal questionou as informações publicadas pela revista Veja e nega que o jornalista Thiago Bronzatto tenha acessado o local onde Lula está preso. No documento, o órgão informa que um exame cuidadoso nas imagens do circuito interno de segurança prova que o autor da reportagem não esteve na área restrita ao ex-presidente, e nega que Lula receba aplicações de insulina, para tratar a diabetes, dadas por um encarregado de servir as refeições.
O documento afirma também que o jornalista esteve no prédio da superintendência recentemente, para uma reunião com um servidor que não está ligado aos procedimentos de custódia, e que a possível circulação do Bronzatto por outras alas do edifício já está sendo apurada.
A comunicação da Superintendência da PF em Curitiba informa que, por questões de segurança, não pode dar detalhes sobre o tratamento oferecido na custódia onde Lula permanece detido.