Aliado do presidente Michel Temer, o deputado Wladimir Costa (SD-PA) ganhou uns dias de respiro no Conselho de Ética da Câmara. A análise de duas acusações que pesam contra ele por quebra de decoro parlamentar começariam a ser analisadas na tarde desta terça (24), mas a sessão nem foi aberta por falta de quórum. Eram necessárias as presenças de 11 deputados para a reunião ocorrer. Apenas nove compareceram, marcaram presença e foram embora. O conselho esperou por duas horas para tentar atingir o quórum, sem sucesso.
As representações contra Costa no conselho foram apresentadas por partidos políticos. Uma, de autoria do PSB, envolve a tatuagem com o nome do presidente Michel Temer e palavras agressivas que desferiu contra uma jornalista. O fato ocorreu em 1 de agosto. Outra, do PT, trata de uma montagem de uma imagem envolvendo a filha da deputada Maria do Rosário (PT-RS) e o filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSC-RJ), também parlamentar.
Costa é um voto garantido a favor da salvação de Temer contra a denúncia criminal da Procuradoria-Geral da República (PGR). O conselho tem 21 deputados titulares e 21 suplentes. Dos 42, quaisquer 11 presentes assegurariam o quórum mínimo para abertura da sessão. A grande maioria dos integrantes é da base do governo. Mas nem mesmo todos os deputados do PT compareceram. Dos três petistas que integram o colegiado apenas Léo de Brito (AC) registrou presença. Valmir Prascidelli (SP) e Zé Geraldo (PA) não foram.
Os casos têm dois relatores. Laerte Bessa (PR-DF) é o relator do caso que envolve as ofensas a uma repórter da CBN. João Marcelo Souza (PMDB-MA) relata a acusação que envolve Maria do Rosário. Bessa apareceu no Conselho de Ética, disse que não poderia ficar e que voltaria em uma hora. Não voltou. Souza chegou, foi conversar com Wladimir Costa, único presente o tempo inteiro no plenário da comissão, e depois afirmou que não apresentou seu parecer ainda. Disse que irá aguardar a defesa prévia do acusado.
Enquanto aguardava, Wladimir fazia uma transmissão ao vivo no seu Facebook (assista abaixo). Disse ser alvo do PT, do PSB e da Rede Globo. E disse ainda ser perseguido por ser aliado de Temer.
“Ambos inimigos declarados porque apoio o Temer e ajudo o Bolsonaro. Com a mente e o coração em paz, graças a Deus, estou aqui pronto para responder às absurdas acusações a mim imputadas. Como ainda não conseguiram implodir o Temer, que será julgado amanhã, escolheram o filho da pretinha para detonar. O corpo aqui é protegido pelo divino espírito santo contra estes seres diabólicos”, disse Costa nas suas redes sociais.
As acusações contra o deputado
No caso da jornalista, ao sair de um jantar onde esteve presente Temer, os repórteres abordaram o deputado. O assunto era a tatuagem e a jornalista Basilia Rodrigues, da rádio CBN, perguntou se ele poderia mostrá-la. A resposta do parlamentar é a razão da acusação contra ele: “para você, só se for o corpo inteiro”.
O caso ganhou o repúdio de entidades jornalísticas. O Sindicato de Jornalistas do Distrito Federal classificou a reação de Costa como “conduta antiética, misógina, machista e racista” e de ter sido alvo de assédio sexual e moral do parlamentar.
Na peça encaminhada ao conselho, o PSB cita uma resposta do deputado ao tomar conhecimento que seria adotada medidas contra ele. “Me denuncia por assédio. Só se for assédio moral porque, sexualmente, ninguém irá acreditar. Pois basta ver as fotos da mesma e todos irão ver que ela foge totalmente aos padrões estéticos que desperte algum tipo de desejo em alguém”.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira reagiu assim ao comportamento do deputado: “o ocorrido é altamente nocivo, uma vez que ocasiona o enfraquecimento da própria democracia. Atitudes como as do deputado são umas das causas da crise de legitimidade da representação popular”, afirmou.
Na acusação do PT, Costa é acusado de atentar contra o decoro por supostamente ter feito uma montagem que inseriu no grupo de WhatsApp dos parlamentares que integram a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Na montagem, foi inserida a foto da filha de Rosário em trajes íntimos e outra de Eduardo Bolsonaro, com terno e gravata. Uma foto ao lado da outra, com a seguinte inscrição: “é na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”.
Na representação, a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, diz que a comparação feita por Costa tem o propósito de atacar a imagem de Maria do Rosário “usando indevida e ilegalmente imagem da filha. A iniciativa ofensiva tem o único objetivo de macular a credibilidade dela perante à sociedade”.
Depois de quase duas semanas da veiculação no grupo de WhatsApp, Costa afirmou numa reunião da comissão que o número não era seu. E que não foi ele quem postou tal imagem. “Presumo que o deputado Solla foi induzido ao erro. As imagens viralizam e saem colando em nossos números. Nesse caso, supostamente num número do deputado Wladimir Costa. Não possuo este número”, disse Costa, que culpou um servidor da comissão de ter incluído aquele número no grupo como se fosse seu.
O deputado Jorge Solla (PT-BA) então o interpelou: “Como não é seu se há várias outras imagens de Vossa Excelência postadas nesse número, como até um passeio de lancha no Pará?!”
Ele respondeu, afirmando que outras pessoas teriam feito isso: “Você tem militante, simpatizantes?”.
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