“Sucesso” ao aparecer na véspera da votação da primeira denúncia contra Michel Temer, em agosto, com uma tatuagem com o nome do presidente no braço direito, o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) vai voltar ao noticiário um dia antes de o plenário julgar a segunda acusação de Rodrigo Janot contra o peemedebista. Ele é alvo de duas acusações no Conselho de Ética, que começa a apreciar os casos nesta terça (24).
Costa é acusado por quebra de decoro parlamentar nas duas representações. Uma, de autoria do PSB, envolve a tatuagem e palavras agressivas que desferiu contra uma jornalista. O fato ocorreu em 1º de agosto. Outra, do PT, trata de uma montagem de uma imagem envolvendo a filha da deputada Maria do Rosário (PT-RS) e o filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro (PSC-RJ), também parlamentar.
No caso da jornalista, ao sair de um jantar onde esteve presente Temer, os repórteres abordaram o deputado. O assunto era a tatuagem. A jornalista Basilia Rodrigues, da rádio CBN, perguntou se ele poderia mostrá-la. A resposta do parlamentar é a razão da acusação contra ele: “Para você, só se for o corpo inteiro”. O caso ganhou o repúdio de entidades jornalísticas. O Sindicato de Jornalistas do Distrito Federal classificou a reação de Costa como “conduta antiética, misógina, machista e racista” e de ter sido alvo de assédio sexual e moral do parlamentar.
O PSB é o partido autor dessa acusação. Na peça encaminhada ao conselho, o partido cita uma resposta do deputado ao tomar conhecimento que seriam adotadas medidas contra ele. “Me denuncia por assédio. Só se for assédio moral porque, sexualmente, ninguém irá acreditar. Pois basta ver as fotos da mesma e todos irão ver que ele foge totalmente aos padrões estéticos que desperte algum tipo de desejo em alguém.”
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira reagiu assim ao comportamento do deputado: “O ocorrido é altamente nocivo, uma vez que ocasiona o enfraquecimento da própria democracia. Atitudes como as do deputado são umas das causas da crise de legitimidade da representação popular”.
Na acusação do PT, Costa é acusado de atentar contra o decoro por supostamente ter feito uma montagem que inseriu no grupo de WhatsApp dos parlamentares que integram a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Na montagem, foi inserida a foto da filha de Rosário em trajes íntimos e outra de Eduardo Bolsonaro, com terno e gravata. Uma foto ao lado da outra, com a seguinte inscrição: “É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais”.
Na representação, a presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, diz que a comparação feita por Costa tem o propósito de atacar a imagem de Maria do Rosário “usando indevida e ilegalmente imagem da filha. A iniciativa ofensiva tem o único objetivo de macular a credibilidade dela perante a sociedade”.
Depois de quase duas semanas da veiculação no grupo de Whatsapp, Costa afirmou numa reunião da comissão que o número não era seu. E que, segundo ele, não foi quem postou tal imagem.
“Presumo que o deputado Solla foi induzido ao erro. As imagens viralizam e saem colondo em nossos números. Nesse caso, supostamente num número do deputado Wladimir Costa. Não possuo este número”, disse Costa, que culpou um servidor da comissão de ter incluído aquele número no grupo como se fosse seu.
O deputado Jorge Solla (PT-BA) então o interpelou: “Como não é seu se há várias outras imagens de Vossa Excelência postadas nesse número, como até um passeio de lancha no Pará?!”
Ele respondeu, afirmando que outras pessoas teriam feito isso: “Você tem militante, simpatizantes”.
O deputado Laerte Bessa (PR-DF) é o relator do caso que envolve as ofensas a repórter da CBN. João Marcelo Souza (PMDB-MA) relata a acusação do PT e que envolve Maria do Rosário. Os dois apresentam hoje seus votos pela continuação da ação ou não. Costa deve aparecer para se defender, mas pode haver pedido de vista e a conclusão da aceitação ou não da denúncia ser adiada.
No gabinete de Costa a informação era que ele chega a Brasília nesta terça. A Gazeta do Povo ligou para o parlamentar, mas não conseguiu contato.
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