• Carregando...
 | Filipe Araújo/Fotos Publicas
| Foto: Filipe Araújo/Fotos Publicas

O empresário Marcelo Odebrecht afirmou que a subconta “amigo”, que contabilizava os recursos que seriam usados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi criada em 2010 com um saldo de R$ 35 milhões. Segundo ele, o acerto foi feito com Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, que era o contato do PT com o Grupo Odebrecht desde gestões anteriores, de Emílio Odebrecht e Pedro Novis, que antecederam Marcelo no comando.

“O Lula nunca pediu diretamente, combinei via Palocci. Ao longo de alguns usos ficou claro que era para o Lula, alguns saiam em dinheiro e ele pedia para descontar do saldo ‘Amigo’”, disse Marcelo, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que foi tornado público na manhã desta quarta-feira, depois que o STF abriu o sigilo das delações do Grupo Odebrecht.

Marcelo disse que a única comprovação que ele tem de uso do dinheiro por Lula é a compra de um imóvel que seria destinado ao Instituto Lula, cujo contato teria sido feito ou via (Paulo) Okamotto ou José Carlos Bumlai. Como o Instituto Lula acabou não ficando com o prédio, o valor voltou, segundo Marcelo, a ser creditado na subconta amigo. Além disso, outra parte dos recursos foi doada por meio do Instituto Lula.

“Quando ele (Palocci) pedia para Brani (Branislav Kontic, assessor de Palocci) pegar dinheiro em espécie saia do saldo ‘amigo’ ou ‘italiano’”, disse o empresário.

Marcelo afirmou que a conta do PT na construtora foi iniciada em 2008, para abastecer as campanhas municipais, a partir de um pedido de Antonio Palocci.

Segundo o empresário, ele se comprometeu a dar dinheiro para a campanha presidencial de 2010, que era seu principal compromisso, mas que o valor poderia ser sacado antecipadamente pelo partido. Todo o recurso, segundo ele, foi controlado por Palocci até 2010. Marcelo disse que em 2011 ele passou a tratar com Guido Mantega, que passou a ser o “pós itália”.

A planilha especial “italiano” foi criado por Hilberto Silva, segundo o empresário, a partir de um pedido para que fosse feita uma contabilidade dos recursos a ser acompanhada.

Marcelo Odebrecht disse que os recursos eram destinados principalmente a pagar campanhas feitas pelo publicitário João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, que já tinham relacionamento anterior com a Odebrecht. Marcelo disse que o publicitário sempre temia as campanhas políticas, devido ao risco de ficar com dívidas no final. Por isso foi feita antecipação de recursos na conta, para deixá-lo tranquilo. “Era para dar um conforto a ele (Santana)”, explicou.

Moro perguntou como surgiam os codinhomes. “Era de maneira natural. Eu pessoalmente conhecia 10 codinomes, o “italiano” já existia antes de eu chegar. Sempre que falei “italiano” eu estava me referindo a Palocci, a relação com Palocci precedia a mim”, afirmou. “Codinome italiano eu só usava para me referir a Palocci”, garantiu.

Departamento de propinas

O empresário afirmou ao juiz Sérgio Moro que o setor de “Operações Estruturadas” do grupo, que se tornou conhecido como departamento de propinas, foi criado no início dos anos 90, quando a empresa se internacionalizou, para acabar com o descontrole na contabilidade da empresa. Segundo ele, toda a geração de recursos não contabilizados era feita por meio de offshores no exterior, mas havia “grande demanda” de distribuição no Brasil.

O setor sempre ficou, segundo ele, subordinado ao presidente da construtora, ou das contrutoras do grupo, que chegaram a cinco.

Ao chegar à presidência da holding, Marcelo Odebrecht decidiu manter como subordinado direto o responsável pelo setor, para evitar conflitos. Para ele, a criação do setor foi uma “evolução” do modelo de pagamentos. “A pessoa de distribuição (de recursos), por uma questão de disciplina, ficou comigo. Neste momento, a pessoa era Hilberto Silva”, afirmou.

Segundo Marcelo, foi Hilberto quem pediu para mudar o nome do departamento para “Operações Estruturadas”, já que o antecessor dele era denominado “assessor” e, devido à nomenclatura do cargo, “todo mundo sabia o que ele fazia”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]