Sem alternativas internas, o PSDB começou a provar o sabor do picolé de chuchu. O partido elegeu neste sábado (9) o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para presidir o partido e iniciar a corrida eleitoral como possível candidato da legenda à Presidência da República. Para torná-lo palatável, a falta de carisma será colocada como um sinal do lado humano.
“O chuchu é algo simples. Nós não precisamos de algo indigesto, a simplicidade é algo bom, isso é um elogio e Geraldo Alckmin inspira confiança”, disse Domingos Sálvio, presidente do PSDB em Minas Gerais.
Em discurso na 14.ª convenção nacional do PSDB em Brasília nesta sábado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso elogiou a escolha de Alckmin para chefiar o partido.
“Estou feliz de ver que o Alckmin é o novo presidente do partido. Precisamos de candidatos que sejam simples. Geraldo é simples. Ele é um ser humano, uma pessoa. Precisamos de gente assim”, disse FHC em seu discurso.
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A escolha do candidato simples, humano e pouco indigesto pode ser a estratégia possível neste momento para o PSDB tentar parecer viável no meio de dois extremos, entre o ex-presidente Lula e o deputado Jair Bolsonaro (PSC- RJ).
Lula e Bolsonaro foram citados em vários discursos e entrevistas dos tucanos de relevo. FHC afirmou que esperava poder disputar com Lula mais uma vez, mas para “derrotá-lo nas urnas, e não vê-lo na prisão”.
“As urnas condenarão Lula por ter sido o grande responsável de uma década perdida”, disse Alckmin, que na sequência elogiou o governo do presidente Michel Temer.
O senador Tasso Jereissati (CE), que liderou a dissidência contra o senador Aécio Neves (MG) de seguir presidindo o partido, disse que quer ver o PSDB como “primeira via” na disputa eleitoral, junto com Lula e Bolsonaro.
O partido ainda está apresentando uma alternativa interna, mas sem muita força, no prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. Ele sustenta que disputará com Alckmin para ser candidato à presidência da República, colocando-se como uma alternativa radical, com tons fortes do amarelo e azul tucano.
Enquanto Virgílio diz que não fará aliança com o PMDB, Alckmin elogia os trabalhos do governo de Temer.
Dória perde o brilho entre os tucanos
O prefeito de São Paulo, João Doria, ficou escanteado entre as maiores autoridades tucanas. Antes de seguirem para o local do evento, os principais nomes da direção do partido se encontraram no lobby de um hotel. Nos cerca de vinte minutos que passaram ali, os líderes do partido se aglutinaram em torno de Geraldo Alckmin.
Na hora de seguirem para o palco do evento, Doria entrou em um dos elevadores, junto a outros correligionários. A porta do elevador ficou aberta, enquanto assessores pediam para Alckmin entrar. O governador aguardou, dizendo que não tinha mais espaço, deixando Doria com um sorriso amarelo.
O governador tentou então seguir pelas escadas. Mas, enquanto seus assessores e outros tucanos decidiam qual caminho seguir, o outro elevador chegou. Alckmin entrou e elevador em que Doria estava foi então liberado para subir.
Antes do evento, Alckmin pagou cafezinhos para os líderes tucanos. No entorno de Alckmin, durante os minutos em que tomou café, estavam Tasso, o deputado Carlos Sampaio (SP), o deputado Ricardo Tripoli (SP) e o senador Cássio Cunha Lima (PB). O ministro das Relações Exteriores, senador Aloysio Nunes (SP), passou para cumprimentar Alckmin, mas partiu rapidamente.
O governador também chamou para essa roda próxima Arthur Virgílio. Mas Dória ficou poucos instantes no entorno de Alckmin e depois ficou afastado, tirando fotos com militantes.
O apresentador Luciano Huck explica por que desistiu da campanha: não queria enfrentar as pauladas da campanha.
Publicado por República em Sexta, 8 de dezembro de 2017
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