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| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro teve um carnaval movimentado nas redes sociais.

Defendeu o filho Carlos, vereador no Rio de Janeiro. Anunciou a criação de uma “Lava Jato da Educação”. Pediu “fiscalização” sobre o andamento no Congresso da medida provisória 873, que determina pagamento de contribuição sindical apenas por boleto bancário. Anunciou leilão de ferrovia. Criticou a Lei Rouanet e artistas que o acusaram de tentar acabar com o carnaval. Elogiou a atuação do Exército no conforto de venezuelanos que fugiram do regime ditatorial de Nicolás Maduro. Fez propaganda de Olavo de Carvalho, tido como “guru” de seu governo.

O que mais chamou atenção, no entanto, foi a publicação de um vídeo na tarde de terça-feira (5), com o propósito de criticar práticas obscenas de foliões no carnaval. O material foi gravado no dia anterior em um bloco chamado “Blocu”, no centro de São Paulo. A cena já repercutia nas redes sociais, mas ganhou alcance muito maior após ser compartilhada pelo presidente.

No tuíte, Bolsonaro afirma que não se sente confortável em exibir o vídeo, mas que decidiu mostrá-lo “para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades”. As imagens mostram dois homens – um deles, nu – dançando sobre um ponto de ônibus. Na sequência, os dois protagonizam atos obscenos. No post, o presidente, que tem 3,45 milhões de seguidores no Twitter, pede que seus seguidores “comentem e tirem suas conclusões”.

O aviso de que a postagem poderia conter “mídia sensível” apareceu apenas duas horas após a publicação do vídeo. No tuíte incorporado abaixo, a Gazeta do Povo optou por excluir o vídeo obsceno.

Na manhã desta quarta-feira (6), o presidente voltou ao assunto. Perguntou o que é “golden shower”, prática que virou uma das expressão mais comentadas no Twitter depois que Bolsonaro compartilhou o vídeo em questão.

O carnaval de Bolsonaro nas redes sociais começou no domingo (3), com uma postagem elogiando seu filho Carlos e criticando quem supostamente tenta afastá-los.

Na segunda (4), o presidente falou sobre a MP 873, que deve dificultar a arrecadação dos sindicatos. Afirmou que ela não agradou a líderes sindicais e alertou sobre o risco de que ela seja derrotada no Congresso ou nem mesmo apreciada no prazo legal (120 dias), o que a faria perder validade.

Pouco depois, Bolsonaro anunciou a criação de uma “Lava Jato da Educação” para investigar “indícios muito fortes que a máquina está sendo usada para manutenção de algo que não interessa ao Brasil”. O presidente afirmou que o país gasta mais em educação do que países desenvolvidos e que mesmo assim ocupa as últimas posições em testes de aprendizado.

Horas mais tarde, mencionando o que chamou de “agenda globalista”, Bolsonaro acrescentou que “mudar as diretrizes ‘educacionais’ implementadas ao longo de décadas é uma de nossas metas para impedir o avanço da fábrica de militantes políticos para formarmos cidadãos”.

O presidente também mencionou o leilão de concessão de um trecho da Ferrovia Norte-Sul, colocando-o como parte das ações dos primeiros 100 dias de seu governo.

Logo nas primeiras horas de terça-feira (5), Bolsonaro respondeu – sem citar nomes – à música “Proibindo o carnaval”, de Daniela Mercury e Caetano Veloso, que faz referências ao avanço da onda conservadora no país. “A verdade é que esse tipo de ‘artista’ não mais se locupletará da Lei Rouanet”, escreveu o presidente ao compartilhar uma marchinha que critica os artistas. “Essa marchinha vai para o nosso querido Caetano Veloso e querida Daniela Mercury. Chupa”, diz o intérprete no início do vídeo.

O presidente também anunciou que em seu governo a Lei Rouanet – antes usada, segundo ele, para cooptar artistas famosos num projeto de poder – vai ajudar artistas em início de carreira.

Também na terça, Bolsonaro repassou postagem do juiz federal Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro. Em seu texto, Bretas afirma que em determinadas circunstâncias “a polícia deve usar a força e eventualmente até mesmo matar”. O presidente, por sua vez, afirmou que o Congresso precisa urgentemente apreciar matérias que permitem que agentes de segurança pública “usem da letalidade” para defender a população.

Em uma de suas últimas postagens no feriadão de carnaval, o presidente afirmou que o autodeclarado filósofo Olavo de Carvalho vem explicando há anos um fenômeno e que seus alunos vêm deixando um legado. “O Brasil tem jeito”, concluiu Bolsonaro.

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