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| Foto: Luiz Gustavo/Alerj

Após as explicações do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no domingo (20) de que recebeu aproximadamente R$ 100 mil em espécie como parte de pagamento de um imóvel, e a confirmação do comprador sobre o valor, novas suspeitas foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta segunda-feira (21).

Uma escritura comprova que o filho do presidente recebeu dois imóveis de permuta e mais R$ 600 mil pela venda de um apartamento. Contudo, um pagamento de R$ 550 mil ocorreu em março de 2017: três meses antes das operações investigadas pelo Conselho Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Outros R$ 50 mil foram pagos em cheques no mês de agosto de 2017.

O negócio, conforme a escritura, aconteceu da seguinte maneira: Flávio Bolsonaro comprou um apartamento na planta em dezembro de 2016 por R$ 1,7 milhão. Em 2017, fechou um negócio equivalente a R$ 2,4 milhões pela venda do imóvel. No negócio, realizou uma permuta com o ex-jogador de vôlei de praia Fábio Guerra e a esposa do ex-atleta, Giordana Guerra. A família Guerra cedeu dois apartamentos, mais a quantia de R$ 600 mil.

Datas não batem

Flávio alega depositou pessoalmente o dinheiro em espécie pago pelo ex-atleta, de “forma pingada”, num caixa automático da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O Coaf mostra que foram 48 depósitos de R$ 2 mil cada um, entre junho e julho de 2017.

Apesar disso, pelo que está redigido na escritura da venda do imóvel, o sinal de negócio de R$ 550 mil foi pago no dia 24 de março de 2017. Outros cinco cheques que, juntos, somam R$ 50 mil foram depositados em 23 de agosto daquele ano. No documento, não constam pagamentos entre junho e julho de 2017.

Segundo relatório de movimentação atípica do Coaf, foram realizados 48 depósitos na conta de Flávio, sempre no valor de R$ 2 mil e em espécie:10 depósitos em 5 minutos no dia 9 de junho de 2017; 5 depósitos em dois minutos no dia 15 de junho de 2017; 10 depósitos em 3 minutos dia 27 de junho de 2017; 8 depósitos em 4 minutos dia 28 de junho de 2017; e 15 depósitos em 6 minutos dia 13 de julho de 2017.

Título bancário de R$ 1 milhão

Outra operação suspeita apontada pelo relatório do Coaf foi o pagamento de um título bancário de R$ 1,16 milhão. No domingo, Flávio disse que esse pagamento foi feito para quitar a dívida do mesmo apartamento, que ele adquiriu em 2016.

O senador eleito afirmou que a Caixa quitou a dívida referente ao apartamento, e que então passou a dever à Caixa – ou seja, fez um financiamento do imóvel. A escritura confirma que Flávio quitou o empréstimo com a Caixa no dia 29 de junho de 2017.

Perseguição?

Flávio Bolsonaro declarou em entrevistas que está sendo perseguido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) nas investigações sobre movimentações financeiras atípicas de assessores parlamentares da Assembleia Legislativa do Rio, onde era deputado estadual até ser eleito para o Senado. Afirmou ainda que houve quebra de sigilo bancário de forma irregular.

Em defesa do MP-RJ, o procurador-geral de Justiça do Rio, Eduardo Gussem disse nesta segunda-feira (21) que não houve ilegalidades: “Se alguém cometeu quebra de sigilo, ou irregularidade, não foi o Ministério Público”.

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