O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou estar “feliz por poder abrir uma nova era” entre Israel e Brasil .| Foto: Amos Ben Gershom/GPO

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou nesta quinta-feira (27) estar “feliz por poder abrir uma nova era” entre Israel e Brasil minutos antes de embarcar para uma viagem de cinco dias ao país. É a primeira visita de um premiê israelense em exercício ao país desde a fundação do Estado judeu, em 1948.

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“Vou visitar o Brasil, a convite do presidente do Brasil, e me reunirei com o presidente eleito [Jair] Bolsonaro, seu ministro da Defesa, ministro das Finanças e ministro das Relações Exteriores”, afirmou. “É uma grande mudança que Bolsonaro lidera, e estou feliz por podermos abrir uma nova era entre Israel e essa superpotência chamada Brasil”.

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A vinda do líder israelense acontece quatro anos depois de as relações entre os dois países ter sofrido um abalo por causa de declarações do então porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, em resposta a um gesto diplomático do governo Dilma Rousseff.

Em julho de 2014, o governo brasileiro convocou para consultas o embaixador em Tel Aviv após considerar “inaceitável a escalada de violência” e condenar “energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza”. Na ocasião, Israel promoveu uma ofensiva contra o grupo terrorista Hamas.

Em resposta, Palmor afirmou que a medida “era uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático”

Agora, a presença de Netanyahu à posse de Jair Bolsonaro elevou o país sulamericano à condição de “superpotência”, nas palavras do próprio premiê israelense, um dos 12 chefes de Estado e de governo estrangeiros que devem estar presentes na cerimônia que marca a mudança no comando do Brasil.

Como chegamos até aqui

Bolsonaro tem feito acenos a Israel desde a campanha eleitoral, o que agrada a seu eleitorado evangélico, identificados com o país. Eleito, seguiu os passos de Donald Trump e afirmou que vai transferir a embaixada brasileira no país de Tel Aviv para Jerusalém, que Israel considera sua capital mas cuja porção oriental é reivindicada pelos palestinos como sede de um futuro Estado.

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As declarações do futuro chanceler, Ernesto Araújo, e do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, também indicam que o Brasil deverá passar a votar do lado de Israel em organismos internacionais.

Na pauta do encontro, ele afirmou estar “o relacionamento de Israel com o maior país da América Latina, o quinto maior país em população, um país enorme com enorme potencial para o Estado de Israel, tanto na esfera econômica, no campo de segurança como na esfera política”. 

A agenda de Netanyahu no Brasil

Netanyahu embarcou nesta quinta-feira à noite (hora local) e chegará ao Rio de Janeiro nesta sexta (28). Seu primeiro compromisso será às 13h45: um encontro de meia hora com Jair Bolsonaro. 

Às 14h15, se juntam à reunião com Bolsonaro o futuro ministro das Relações Exteriores e o futuro ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Às 17h, Netanyahu estará na sinagoga Kehilat Yaacov, onde irá participar das orações de Shabat (o sábado judaico, que começa no anoitecer da sexta-feira). No sábado (29), não há agenda oficial por causa do feriado religioso.

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Netanhyahu chegou a estudar seriamente a possibilidade de antecipar seu retorno a Israel para o domingo a fim de iniciar as negociações políticas para a formação de uma nova coalizão do governo, após a sua ruir diante de um impasse com os partidos ultraortodoxos. A crise o levou a antecipar as eleições inicialmente previstas para novembro de 2019.

A confirmação da data da votação em 9 de abril, porém, tornou desnecessária a mudança de agenda. 

No domingo (30), o primeiro compromisso de Netanyahu será às 12h30, quando vai se encontrar com membros da comunidade judaica carioca. Às 15h30, será a vez de cristãos “amigos de Israel”. E, às 17h, o primeiro-ministro israelense receberá o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández.

Na segunda-feira (31), não há agenda oficial. Ainda no Rio, Netanyahu e a esposa devem visitar o Cristo Redentor de noite e conhecer um pouco mais a cidade.

Na terça-feira (1º de janeiro) Netanyahu viaja para Brasília, onde vai se reunir com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, às 12h30. Às 15h, participará da posse de presidente Bolsonaro. Uma hora depois, às 16h, ele se reunirá com outros dignitários que estarão presentes na posse.

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Às 18h, Netanyahu irá ao coquetel oferecido pelo novo presidente brasileiro e, às 18h30, se reunirá com o presidente chileno, Sebastián Piñera.

O premiê israelense deixará o Brasil na quarta-feira (2 de janeiro).