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Dos 28 ministros do governo Temer, quase 30% deles serão investigados nos 76 inquéritos abertos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava Jato, Edson Fachin, no último dia 11. Dos 98 alvos mirados pela “lista do fim do mundo”, oito são ministros em exercício de função.

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Ao todo, eles aparecem em dez inquéritos, todos suspeitos de corrupção ativa e passiva e, com exceção de Marcos Pereira, ministro da Indústria e Comercio Exterior, também pelo crime de lavagem de dinheiro. Todos os oito ministros, também, são suspeitos de envolvimento com caixa 2, seis deles de tráfico de influência, um por troca de apoio eleitoral; dois ministros suspeitos diretos de pedirem e receberem propina; cinco envolvidos com fraude em licitações, concessionárias e obras (linha de trem, aeroporto, obras viárias, rodoanel, saneamento); um envolvido em manipulação de documentos para favorecimento da empreiteira.

O presidente Michel Temer tem reafirmado a “linha de corte” estabelecida por ele mesmo e já avisou que só demitirá ministros que virarem réus. Confira as acusações para cada ministro do atual governo citado no documento do STF.

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Gilberto Kassab (PSD-SP) – Ciências, Tecnologia e Comunicação

Alvo de dois inquéritos, Kassab é suspeito de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. Segundo o inquérito 4.401, embasado nas delações dos executivos Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Paulo Henyan Yue Cesena, o ministro recebeu vantagem indevida no valor de R$ 20 milhões, entre 2008 e 2014, a pretexto da obtenção de vantagens pela sua condição de prefeito de São Paulo e, após, de ministro das Cidades no governo Dilma.

Já no inquérito 4.463, o Ministério Público narra que os colaboradores Carlos Armando Guedes Paschoal e Roberto Cumplido tratam de pagamentos de vantagem indevida para agentes públicos em obras viárias de São Paulo, sendo Kassab um dos beneficiários. A propina solicitada, nesse caso, foi de 5%, mas nem o adiantamento – chamado ‘abadá’ – de R$ 2 milhões chegou às mãos do ex-prefeito “por razão de já existir doações diretas ao então candidato”.

Eliseu Padilha (PMDB-RS) – Casa Civil

Foco de dois inquéritos, Padilha é suspeito de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. No inquérito 4.434, o ‘Bicuíra’ (conforme o apelido registrado no sistema Drousys da Odebrecht) é apontado como o segundo a solicitar, no final de 2008, propina no valor de 1% do contrato administrativo da construção da linha 1 da Trensurb, que liga Novo Hamburgo a São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. O valor do contrato era de R$ 323 milhões.

No segundo inquérito, o 4.462, o MP narra que “há fortes elementos que indicam a prática de crimes graves, consistente na solicitação por Eliseu Padilha e Moreira Franco de recursos ilícitos em nome do PMDB e de Michel Temer, a pretexto de campanhas eleitorais”. Padilha é apontado como o recebedor do valor indevido de R$ 4 milhões (de um total de R$ 10 milhões) para campanha de 2014 que, segundo documento, deveria ser feito por intermédio de “Sr. Yunes ou Sra. Cida”. No dia 14 de fevereiro de 2017, José Yunes, advogado e amigo pessoal de Temer, compareceu espontaneamente à Procuradoria-Geral da República e relatou ter sido contatado por Padilha em 2014 a fim de que recebesse um suposto “documento”, entregue por Lúcio Bolonha Funaro. Nesse caso, Padilha ficou registrado no sistema Drousys como “Primo”.

Wellington Moreira Franco (PMDB- RJ) – Secretaria-Geral da Presidência

Com um inquérito por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, Moreira Franco é suspeito de envolvimento no mesmo esquema de Padilha no inquérito 4.462. Ele é apontado como solicitante dos R$ 4 milhões para o ministro da Casa Civil, por ocasião da manutenção de cláusulas do lançamento do edital da segunda rodada de concessões aeroportuárias, para aumentar chances da Odebrecht, que havia sinalizado interesse.

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Marcos Pereira (PRB-SP) – Indústria e Comércio Exterior

Pereira aparece em um inquérito, suspeito de corrupção ativa e passava por receber R$ 7 milhões diretamente em favor do Partido Republicano Brasileiro (PRB). Esse valor fez parte dos R$ 24 milhões pedidos à Odebrecht pelo ex-ministro Guido Mantega para os partidos PROS, PRB, PC do B e PDT a fim de assegurar maior tempo de televisão à coligação “Com a Força do Povo” e, assim, gerar vantagem eleitoral à candidatura de Dilma Rousseff, nas eleições de 2014. Os repasses foram intermediados pelo Setor de Operações Estruturadas e tem registro do sistema Drousys.

Helder Barbalho (PMDB-PA) – Integração Nacional

“Cavanhaque”, como indica o sistema Drousys, é suspeito de pedir e receber valor indevido de R$ 1,5 milhão da Odebrecht para campanha a governador do estado do Pará, em 2014. Os repasses funcionariam como contrapartida a interesses do grupo Odebrecht na região, em principal na área de saneamento básico, espaço em que a empresa almejava atuar como concessionária. Suspeito de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.

Bruno Araújo (PSDB-PE) – Cidades

Segundo delações de João Antônio Pacífico Ferreira, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Cláudio Melo Filho e Luiz Eduardo da Rocha Soares, diante da influência do parlamentar, decidiu-se manter com ele boa relação quando ainda deputado federal, sendo realizados vários repasses financeiros nos anos de 2010 e 2012, a pretexto de doação eleitoral. No total, foram R$ 600 mil, soma não contabilizada e paga pelo Setor de Operações Estruturadas do Grupo Odebrecht. Como contraponto, o ministro, suspeito de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro, atuou em defesa dos interesses da empresa no Congresso Nacional.

Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) – Relações Exteriores

O ministro é suspeito de receber vantagem indevida no valor de R$ 500 mil, como chefe da Casa Civil de São Paulo, para custear sua campanha ao Senado. Como retribuição, se comprometeu a ajudar a Odebrecht nas negociações com a Dersa, concessionária de serviço público vinculado ao governo de São Paulo e responsável pela contratação da obra do Rodoanel Sul. A Odebrecht havia vencido o Lote 2 do Rodoanel, tendo que “doar” R$ 1,2 milhão a Mário Rodrigues Júnior, diretor da companhia, sob alegação de custeio de campanhas eleitorais. Ferreira é suspeito de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva.

Blairo Maggi (PP-MT) – Agricultura

“Caldo” (apelido no sistema Drousys) é suspeito de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva. Segundo inquérito, ele recebeu vantagem indevida no valor de R$ 12 milhões, com pretexto de contribuição eleitoral para campanha de reeleição de Maggi a governador do Mato Grosso, em 2006. Conforme relatam os delatores João Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Augusto Carneiro Leão Neto, o Grupo Odebrecht detinha créditos em relação aos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, decorrentes de obras públicas realizadas anteriormente. Os agentes públicos estaduais eram fundamentais para acelerar trabalhos da Comissão Especial – criada para angariar repasses da União e fazer frente aos créditos da empreiteira.

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