Nenhum político com pretensões eleitorais foi tão atingido pela delação de Joesley Batista quanto Aécio Neves (PSDB-MG). O senador afastado cumpre uma espécie de ‘prisão domiciliar’, mesmo sem estar condenado. Não sai de casa, não viaja a Minas Gerais (nem ao Rio de Janeiro), a irmã está presa, seu ainda mandato expira ano que vem e foi flagrado em grampos com diálogos pouco republicanos.
Variou, em pouco mais de dois anos, de quase presidente da República à mais indesejável companhia.
Se vier a ser preso, será a pá de cal. Se não for, não terá salvado sua pele. O “mineirinho”, como aparece na lista da Odebrecht, ainda “detém” o recorde de pedidos de investigação no STF, cinco ao todo. Um legado que o avô Tancredo Neves reprovaria.
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Dono da confiança de 51 milhões de eleitores no segundo turno das eleições presidenciais de 2014, Aécio vê seus 48,36% dos votos válidos evaporarem. O tucano pontua menos de 10% nas pesquisas de intenção de voto atuais, em pesquisa que ainda não aferiu o estrago JBS.
Em dezembro de 2015 – auge da crise do governo do PT com admissibilidade do pedido de impeachment de Dilma Rousseff - o tucano atingia 25% das pessoas consultadas em sondagens eleitorais.
Caso o STF acolha o pedido de prisão de Aécio, feito pelo procurador Rodrigo Janot, o Senado ainda precisa chancelar a decisão. Os parlamentares devem se reunir no plenário para avaliar se ele ficará mesmo preso ou não, conforme prevê a Constituição Federal.
Mas, além da prisão, Aécio enfrenta outra batalha no Senado Federal. Nesta terça-feira foi aberto o prazo de cinco dias úteis para que o presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto Souza (PMDB-MA) se manifeste sobre se aceita ou não uma representação contra o tucano apresentada pela Rede e pelo PSOL. Se aberto, o processo pode levar à cassação do senador.
A representação contra Aécio chega com um mês de atraso no colegiado. Inicialmente, a demora ocorreu para que o grupo reconduzisse Souza à presidência. Depois, o senador e afastou por alguns dias por licença–médica. Essa deve ser a postura dos parlamentares que aguardam o desdobramento do julgamento do STF antes de analisar o pedido de cassação.
Souza já afirmou na segunda-feira (19) que vai aguardar a decisão da Primeira Turma do Supremo antes de decidir sobre o processo no Conselho de Ética. Os senadores tendem a evitar declarar apoio à prisão e à cassação de Aécio para não comprometer ainda mais situação do tucano. Perguntado sobre o assunto, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) desconversou.
O Palácio do Planalto também tem atuado para garantir que o tucano não seja punido pelo Senado, já que Aécio é um dos principais defensores nos bastidores da permanência do PSDB na base do governo.
Após a divulgação da abertura do prazo de análise da admissimibilidade do processo no Conselho de Ética, Aécio voltou a se defender: “a defesa do senador reafirma que não houve qualquer afronta ao decoro parlamentar já que se tratou de empréstimo entre pessoas privadas, sem uso de dinheiro público e sem qualquer tipo de contrapartida por parte do senador. Por isso, a defesa entende que a ação deverá ser desconsiderada pelo Conselho de Ética”, disse nota divulgada pela defesa do tucano.
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