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| Foto: Fernando Martins/Gazeta do Povo

O terceiro debate entre presidenciáveis das Eleições 2018 foi realizado neste domingo (9), pela TV Gazeta, Estadão e Jovem Pan. Participaram oito dos 13 candidatos: Alvaro Dias (Podemos),  Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT).

Os jornalistas da Gazeta do Povo acompanharam e analisam o desempenho dos candidatos a presidente no terceiro debate ao vivo na TV das eleições 2018.

Quem ganhou?

André Gonçalves, editor de República

O fantasma do ataque a Jair Bolsonaro (PSL) pairou sobre o debate deste domingo (9). E, mesmo ausente, ele foi o principal vencedor. Seus concorrentes não tiveram ambiente para desgastá-lo. No encontro anterior entre presidenciáveis, na RedeTV!, ele havia sido confrontado por Marina Silva (Rede) e o atentado frustrou um novo embate. Bolsonaro vai começar a semana decisiva da eleição, pós-7 de setembro, em um ambiente francamente favorável.

Madeleine Lacsko, blogueira da Gazeta do Povo: 

Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) conseguiram detalhar melhor seus programas de governo sem ter de recorrer a tantos chavões, como é necessário nos ambientes tomados pelas frases feitas e discursos moralistas não necessariamente corroborados por ações de quem os profere.

Destaque para o fato de ter sido primeiro debate em que se falou de propostas que realmente podem ser levadas adiante por um presidente da República. Saiu-se da área de costumes, artilharia e religião - discussões importantes, mas fora da alçada do cargo disputado por aqueles que vão ao debate.

Evandro Éboli, repórter de República em Brasília (DF): 

Num debate morno entre os presidenciáveis, que optaram pela cautela, Ciro Gomes (PDT) talvez tenha tido o melhor aproveitamento, ainda que não muito à frente de seus opositores. Ciro lastimou o atentado contra Bolsonaro, sem deixar de lembrar que não pensa igual a ele. Também acenou aos simpatizantes de Lula que ainda não definiram voto, ao repetir que sua prisão é uma ilegalidade. Foi gentil com os colegas e trocou figurinhas com Marina (Rede).

Naiady Piva, editora de Economia: 

Ciro Gomes (PDT) sai vitorioso do debate da TV Gazeta. Com um discurso eloquente, que flerta com a esquerda em bandeiras como segurança pública e distribuição de riqueza, Ciro conseguiu passar a ideia de um gestor competente e com discurso fácil para o eleitor. Alckmin, que também bate na tecla de gestor, não consegue passar a mesma segurança de líder político do candidato do PDT.

Carolina Werneck, repórter de República: 

Ciro Gomes (PDT) teve uma oportunidade importante no debate deste domingo (8). Com a ausência dos candidatos mais polêmicos desta campanha, Jair Bolsonaro (PSL) e Cabo Daciolo (Patriota), foi o pedetista quem conseguiu articular melhor suas respostas, apresentando propostas concretas para as questões colocadas pelos candidatos, jornalistas e pela audiência da internet. Um dos indícios de sua vitória no debate é o fato de que ele foi o candidato com mais menções no Twitter praticamente durante todo o debate.

Mariana Balan, editora de Justiça: 

Ciro Gomes (PDT) saiu vencedor. Desde o primeiro debate o candidato vem demonstrando uma postura firme, porém calma – diferente da imagem mais agressiva classicamente atrelada ao pedetista. Foi gentil com os adversários e desejou melhoras a Bolsonaro (PSL), mais uma vez ressalvando que não compactua com suas ideias. Ainda, como não tem tanto espaço no horário eleitoral, aproveitou bem o tempo do debate para apresentar, de forma fácil, suas propostas ao eleitor.

Renan Barbosa, editor de Ethos: 

Os grandes vencedores da noite são Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL). Bolsonaro não sofreu ataques dos adversários, em razão do atentado recente, e não teve um único voto roubado por Geraldo Alckmin, seu grande adversário no primeiro turno. Portanto, sai do mesmo tamanho. Já Ciro foi o candidato de maior brilho pessoal, retórica e performance, o que importa muito no debate. Foi firme, mas se manteve calmo, e tende a consolidar a tendência de alta de suas intenções de voto nas pesquisas.

Quem perdeu

André Gonçalves, editor de República:

Geraldo Alckmin (PSDB) foi o grande perdedor da noite. Sem ter como executar a linha-mestra de sua campanha no horário eleitoral, de ataques a Bolsonaro, ele ficou acuado em questões, por exemplo, sobre casos de corrupção envolvendo o colega de partido Aécio Neves. A cada debate em que Alckmin não consegue se destacar, mais longe ele fica do segundo turno.

Madeleine Lacsko, blogueira da Gazeta do Povo: 

Quem sai menor deste debate é Henrique Meirelles (MDB). Se sua campanha investiu em memes e GIFs animados infantilizados, o candidato tomou uma bordoada de gente grande quando Rodolfo Gamberini [âncora do Jornal da Gazeta], repetindo que não há nada de ilegal, perguntou se não é imoral quem cuida do dinheiro de um país ter seus investimentos nas Bermudas, paraíso fiscal. Depois, atrapalhou-se falando da condição feminina ao dizer não ser admissível que mulher ganhe MAIS que homem. Aqui, recebeu o cavalheirismo de Álvaro Dias (Pode) - mas o povo não vai fingir que não viu.

Evandro Éboli, repórter de República em Brasília (DF):

Henrique Meirelles (MDB) passou alguns apuros e cometeu deslizes. Foi questionado sobre o dinheiro que tem guardado nas Bermudas. Respondeu que o dinheiro só será usado quando ele morrer, e que será destinado a um fundo educação no Brasil. Perguntado sobre diferença salarial entre homens e mulheres, cometeu gafes.

Naiady Piva, editora de Economia: 

Marina Silva (Rede), que vinha em uma trajetória ascendente nas pesquisas eleitorais, sai do debate apagada. Se no debate anterior ela ganhou pontos ao reagir com firmeza às críticas de Bolsonaro (PSL), seu novo discurso, com foco pacifista, não conseguiu ter o mesmo efeito. Em alguns momentos, optou por fazer um “bate-bola” com os adversários, como ao falar da questão indígena com Guilherme Boulos (PSOL) e da segurança pública com o próprio Ciro. Agora, corre o risco de ver o pedetista abrir vantagem nas pesquisas.

Carolina Werneck, repórter de República: 

Henrique Meirelles (MDB) não estava em uma noite boa. Apático, mal conseguiu se defender dos ataques que sofreu de seus adversários. Falou muito, mas não soube explicar ao certo quais são as suas propostas de governo. Baseado no discurso do “é só me chamar que eu resolvo”, não conseguiu mostrar como pretende resolver os problemas do país.

Mariana Balan, editora de Justiça: 

Alckmin (PSDB) teve o pior desempenho. Político veterano, parece não ter força para conquistar eleitores de Bolsonaro (PSL), seu principal rival na disputa deste ano. Ainda, se Ciro busca explicar suas propostas de forma fácil, Alckmin é muito técnico, o que o afasta do grande público. Por fim, quando questionado pelos jornalistas presentes, “embananou-se” ao falar dos casos de corrupção que rondam o PSDB, em especial em relação a Aécio Neves, réu no Supremo.

Renan Barbosa, editor de Ethos: 

Geraldo Alckmin (PSDB) foi o grande perdedor. A menos de um mês do primeiro turno, o candidato, que tem um mar de tempo de televisão, precisa roubar votos de Bolsonaro ou de outros candidatos nanicos à direita. Segue, contudo, morno e sem brilho, e ainda se enrolou quando questionado sobre o senador Aécio Neves, seu colega de partido que é réu no STF por corrupção e obstrução de Justiça.

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