Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente Lula| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

O advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, usou as redes sociais para rebater uma entrevista do presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores. Ao jornal O Estado de São Paulo, o desembargador elogiou a sentença proferida pelo juiz Sergio Moro contra Lula. Para Thompson Flores, a sentença é “irretocável e vai entrar para a história do país”.

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Cristiano Zanin Martins rebateu as declarações, e em tom de ironia, disse que é preciso ver de que forma a sentença entrará para a história. “Pode ser pelas grosseiras violações a direitos fundamentais. A sentença contra Lula também poderá entrar para a história por condenar por corrupção sem ato de ofício e sem nexo com afirmado benefício”, escreveu o advogado, que é um dos maiores críticos ao trabalho de Moro.

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A 8ª turma do TRF-4, o tribunal presidido pelo desembargador Thompson Flores (que é neto de um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal), é a responsável pelos julgamentos da Lava Jato em segunda instância. Thompson Flores não integra o colegiado e, portanto, não aprecia nenhum processo relacionado à operação. Por isso, se sentiu à vontade para avaliar a sentença contra Lula na entrevista ao Estadão. O desembargador também rasgou elogios a Moro: “juiz preparado, estudioso, íntegro, honesto, que está cumprindo sua missão”.

Zanin, no entanto, disse que nenhum juiz pode atuar em uma cruzada ou missão. “Juízes têm o dever da imparcialidade. Devem ser equidistantes. Não devem ter preferências”, afirmou o advogado, sugerindo que o ex-presidente Lula não estaria sendo submetido a um julgamento justo na Lava Jato: “Todo cidadão tem direito a um julgamento justo, imparcial e independente. Em 2016, levamos ao Comitê de Direitos Humanos da ONU um comunicado demonstrando o comprometimento desses pressupostos em relação a Lula”.

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O recurso do ex-presidente ao TRF-4 ainda não foi protocolado, o que deve acontecer ainda em agosto. A defesa vai tentar, no tribunal de Porto Alegre, a absolvição do petista. O Ministério Público Federal (MPF) também vai recorrer da sentença. Os procuradores da Lava Jato já apresentaram os argumentos para pedir o aumento da pena de Lula.