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| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O ex-deputado Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer, será transferido nesta segunda-feira de uma cela da sede da Superintendência da Polícia Federal para a ala federal do presídio da Papuda. Pelo planejamento inicial, Loures deveria prestar depoimento à tarde e, em seguida, ser levado para a Papuda. Mas, segundo o advogado Cezar Bitencourt, só deve prestar depoimento na tarde de quarta-feira, entre 16 e 17 horas.

O adiamento do depoimento teria sido acertado entre ele e o delegado responsável pelo inquérito aberto contra o ex-assessor e o presidente Michel Temer. Eles são investigados por corrupção, obstrução de justiça e organização criminosa. O atraso no interrogatório também interessa aos assessores de Temer, que acompanham a movimentação política as vésperas do início do julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Auxiliares do presidente não querem que fatos relacionados ao inquérito tenham repercussão sobre o voto dos ministros. O julgamento começa amanhã e, se não houver pedido de vista, deve terminar na quinta-feira. Loures foi preso no sábado, na casa dele, em Brasília. Ele é acusado de negociar decisões e cargos estratégicos do governo federal ao empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, a mando de Temer. Só um dos negócios renderia propina de R$ 480 milhões a ser paga em 20 anos.

Numa ação controlada da Operação Patmos, um desdobramento da Operação Lava-Jato, Loures foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil de Ricardo Saud, executivo da JBS e um dos responsáveis pela distribuição do suborno em nome de Batista. Numa conversa com o empresário na noite de 7 de março, Temer indicou Loures para conversar “tudo” com Batista. Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Loures era o longa manus, o faz-tudo do presidente.

Há duas semanas, um emissário do ex-deputado se reuniu com procuradores da Lava-Jato em Curitiba e, durante o encontro, quis saber sobre a possibilidade de Loures fazer um acordo de delação. Em resposta ouviu que, para obter benefícios, teria que delatar “toda organização criminosa”. Na semana seguinte, Cezar Bitencourt foi chamado para defesa do ex-assessor e mudou o discurso. Bitencourt disse que, por principio é contra delação, mas não descartaria a medida, se esta for melhor para o cliente.

Rocha Loures não é o único foco de tensão. O operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro já manifestou interesse em fazer um acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República, segundo disse ao GLOBO uma pessoa vinculada ao caso. As informações oferecidas pelo operador poderiam potencializar as investigações sobre Temer e Loures. O operador estaria, inclusive, recolhendo documentos para provar as acusações, caso o pedido de colaboração seja aceito.

O Ministério Público Federal suspeita de vínculos entre Funaro com Temer e com o ex-deputado Eduardo Cunha. Na conversa que teve com Temer no porão do Palácio do Jaburu, Joesley Batista disse que estava pagando com regularidade suborno a Cunha e Funaro para que os dois ficassem em silêncio. Ou seja, para que não fizessem delação premiada. Os dois já estão presos. Cunha em Curitiba. Funaro na Papuda, para onde vai Loures.

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