O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), conquistou seus pares com almoços e jantares generosos e fartos. Já ganhou fama como o "deputado da leitoa", o prato que serve em seu gabinete na Câmara e abre as portas para quem chegar. Com seu jeito bonachão, Fabinho, como é conhecido, estende sua rede de agrados e mimos aos colegas.
O parlamentar, que está no exercício da presidência nesta semana, abriu o gabinete na última quarta-feira (20) para uma rodada de queijos, linguiças e doces mineiros para parlamentares e jornalistas. Um desagravo aos "maus-tratos" à iguaria no Rock in Rio. Trouxe até produtores mineiros de queijo artesanal e ainda levou um grupo, e umas amostras do produto, para serem apreciadas pelo presidente interino da República, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Mas a relação de ofertas aos seus pares não se restringe somente aos cardápios fartos. Esta semana, na presidência das sessões que trataram da reforma política, Fabinho propôs uma barganha aos deputados. Algo na linha: se votarem direitinho, terão direito a folga.
Ele foi duro e exigiu que os deputados, para não ter que bater ponto no dia seguinte, votassem em dois turnos a reforma política. "Nós vamos ficar aqui até de madrugada e votar o segundo turno da reforma. Se isso acontecer, prometo liberar o painel na quinta-feira", disse o presidente interino.
Liberar o painel na quinta-feira significa não obrigar os deputados a nem sequer marcar a presença e irem embora mais cedo para seus estados.
Ele alterna o puxão de orelha com a condescendência: "Quem for embora (da votação) terá o salário descontado. Doa há quem doer". Mas isso não ocorreu. O segundo turno da reforma não aconteceu. O painel da Câmara foi aberto às 7 horas na quinta-feira (21), permitindo que o deputado marcasse presença, não fosse descontado e viajasse cedo para seu reduto eleitoral.
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