O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse em sua proposta de delação premiada que arrecadou R$ 80 milhões em caixa 2 com empresários para financiar campanhas nas eleições de 2014. Outros R$ 70 milhões foram amealhados via doações oficiais. O destino do dinheiro, segundo o portal BuzzFeed News, era um grupo de mais de 50 deputados que formavam uma espécie de bancada de Eduardo Cunha na Câmara. Esse grupo era formado principalmente por deputados do PMDB e do baixo clero da Casa, como PP, PR e PSC.
Na proposta de delação, Cunha teria citado os nomes de uma série de empresas que bancaram os valores. Entre elas, a Odebrecht e a JBS, que já admitiram repasses ilegais a políticos, mas também empresas de transporte e montadoras de veículos, segundo o deputado cassado.
Em 2014, Cunha era um dos mais influentes deputados do PMDB da Câmara, grupo político que formava uma bancada informal que incluía também Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima, ambos presos pela Lava Jato, e o então vice-presidente, Michel Temer. Cunha já vislumbrava disputar a presidência da Câmara e iniciava os preparativos para atingir esse objetivo. Em fevereiro de 2015, ele ganhou a eleição interna contra o candidato do governo Dilma Rousseff, o deputado Arlindo Chinaglia (PT).
Impasse
Preso na Lava Jato desde outubro de 2016, Cunha tentou, sem sucesso, negociar uma delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), depois de muito relutar. Mas a colaboração não foi adiante porque, na avaliação dos procuradores, Cunha estaria apresentando temas pouco consistentes e muitas das acusações que ele fazia eram direcionadas a desafetos seus.
Os investigadores vinham insistindo para que Cunha apresentasse informações sobre uma conta ou um trust em paraíso fiscal que pudesse ter ligação direta com Temer. Outra condição para que as negociações evoluíssem era que Cunha entregasse fatos ilícitos envolvendo aliados, como os deputados do “centrão” – bloco que o ajudou a se eleger presidente da Câmara.
Um das principais críticas dos investigadores é que desde que o ex-deputado começou a negociar seu acordo, há cerca de três meses, ele focou somente em temas espinhosos para seus inimigos e tentou reduzir danos em relação aos aliados.
Pessoas que estiveram com o ex-deputado após o episódio relatam que ele não se exaltou ao receber a notícia. O peemedebista está preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR). Os advogados de Cunha estudam a possibilidade de insistir na delação após a troca do procurador-geral da República. No dia 17 de setembro, Rodrigo Janot será substituído por Raquel Dodge.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas