Entre os relatos de proximidade com Michel Temer, o executivo do grupo J&F Ricardo Saud detalhou um encontro curioso que teve com o presidente. Saud contou, em sua delação, que chegou a assistir a um jogo da Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, ao lado de Temer, na casa do então vice-presidente da República, em São Paulo.
Foi no dia de 5 julho daquele ano e a partida, válida pelas oitavas de final, foi entre Holanda e Costa Rica, ocorrida no Estádio Fonte Nova, em Salvador (BA). Esse episódio consta na denúncia criminal encaminhada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer, na semana passada.
Procurado pela Gazeta do Povo, Temer negou esse encontro e informou, por intermédio de sua assessoria, que não assiste nem a jogo do São Paulo, que é seu clube, muito menos holandeses versus costarriquenhos. “O presidente não tem o hábito sequer de assistir os jogos do São Paulo Futebol Clube, time pelo qual torce, quanto mais Holanda e Costa Rica”, respondeu a assessoria de Temer. A Holanda venceu aquele jogo nos pênaltis, por 4 a 3.
Foi nesse dia que Saud afirma ter revelado a Temer que, a pedido do PT, o empresário Joesley Batista, dono da JBS, estava repassando recursos para senadores do PMDB. O objetivo era garantir o apoio do partido aos petistas. Saud teria entregue a Temer um bilhete de Joesley com os valores pagos aos senadores.
Segundo o delator da JBS, Temer teria ficado indignado e afirmado que “o PMDB tem que passar por mim. Eu vou reassumir o PMDB” e ainda teria questionado: “e para mim? O que tem?”. O presidente Temer nega o encontro e esse diálogo.
Seis senadores do PMDB teriam recebido os pagamentos: Eduardo Braga (AM), Vital do Rego (PB), Eunício Oliveira (CE), Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL) e Katia Abreu (TO). Segundo a denúncia, esses pagamentos teriam sido retirados da conta corrente da propina do PT decorrente de negócios conseguidos com o BNDES por intervenção do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
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