Ricardo Saud, diretor de relações Institucionais da holding J&F, controladora da JBS, entregou no seu acordo de colaboração com a Procuradoria-geral da República uma série de planilhas e anotações relacionadas ao repasses das empresas do grupo para o presidente Michel Temer. Em uma das anotações, Saud elenca cinco repasses atrelados a Temer que somam R$ 30 milhões.
VÍDEO: Assista ao depoimento de Ricardo Saud
Para os investigadores que atuaram em inquéritos sobre a JBS, a atuação de Saud era indispensável para a inserção e aproximação de diretores da JBS no meio político. O diretor da empresa é visto como o “Cláudio Melo Filho” da holding J&F. Melo Filho é ex-diretor da relações Institucionais da Odebrecht e assinou acordo de colaboração premiada no qual relatou o pagamento de propina para diversos políticos.
O primeiro repasse, de acordo com a anotação, foi de R$ 15 milhões e não está apontada qual a data em que foi efetuado. A frente do valor está a anotação: “A pedido Edinho PT”. O pagamento teria relação com o apoio do PMDB à reeleição de Dilma e faz referência ao tesoureiro da campanha, o ex-ministro Edinho Silva (PT).
O segundo, de R$ 9 milhões, também não explicita a data e está atrelado ao “Diretório Nacional do PMDB”.
O terceiro pagamento, de R$ 2 milhões, aparece com a data de 29 de agosto de 2014 e é acompanhado da seguinte frase: “Campanha Paulo Skaff, autorizado por Temer, pagar para empresa JEMC, escritório de consultoria de Duda Mendonça, publicitário do mesmo”. Sobre esse repasse, o diretor ainda juntou uma cópia da nota fiscal do pagamento à empresa de Duda Mendonça.
O quarto pagamento, cuja data foi apagada e no valor de R$ 3 milhões, está acompanhado na anotação do seguinte apontamento: “Temer pede para repassar à Eduardo Cunha. Valor entregue em espécie no Rio de Janeiro”.
Por último, o repasse de R$ 1 milhão efetuado dois de setembro de 2014 está ao lado da anotação: “Temer pede para entregar ao Sr Yunes. O valor em espécie Florisvaldo entregou em espécie”.
Outro que aparece nos documentos é João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer. Coronel da Polícia Militar aposentado, ele é dono da Argeplan Arquitetura e Engenharia, empresa que faz parte de um consórcio que ganhou concorrência para executar serviços relacionados à usina de Angra 3 - cujas obras são investigadas na Operação Lava Jato.
No material entregue à PGR, Ricardo Saud juntou documentos relacionados a Argeplan, de Lima Filha. Em um desses documentos com os endereços da Argeplan, Saud faz uma anotação a caneta na qual diz: “Endereço onde Florisvaldo entregou dinheiro do MT”. Florisvaldo Oliveira é funcionário do grupo J&F e também assinou acordo de colaboração.
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