Com a apresentação da terceira denúncia contra José Dirceu, feita na manhã desta terça-feira (2), o julgamento do pedido de habeas corpus do ex-ministro no Supremo Tribunal Federal (STF) ganha um elemento extra. De acordo com Deltan Dallagnol, procurador da república, a denúncia estava sendo amadurecida há algum tempo e foi adiantada para que o colegiado tivesse “informações extras” para elaborar a decisão, que deve ocorrer na tarde desta terça. Na semana passada, o STF libertou o pecuarista José Carlos Bumlai e o ex-tesoureiro do PP João Cláudio Genu, ambos já condenados na Lava Jato.
A ideia, de acordo Dallagnol, não é “influenciar” na decisão, mas sim acrescentar informações novas, pertinentes e relevantes, que podem ou não serem consideradas pelo STF no julgamento. Na denúncia foram incluídos 33 crimes de lavagem de dinheiro, na maior parte para pagar assessoria de imprensa para “melhorar” a imagem de Dirceu durante o julgamento do Mensalão. O ex-chefe da Casa Civil teria recebido um total de R$ 2,4 milhões das empreiteiras Engevix e UTC entre 2011 e 2014, “antes, durante e depois do Mensalão”, inclusive no período em que esteve preso.
Lava Jato: José Dirceu recebeu propina para pagar assessor de imagem durante o mensalão
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Apesar da denúncia, não foi feito um novo pedido de prisão preventiva do ex-ministro. Segundo os procuradores, o entendimento da força-tarefa é de que não havia necessidade desse novo pedido por já existir um em andamento. Dallagnol também afirmou que a força-tarefa não apresentou novo pedido de prisão para não dar margem à interpretação equivocada de que estariam querendo interferir na decisão do STF.
Mesmo com o pedido não tendo sido feito, os procuradores ressaltaram que acreditam que existem “razões de sobra” para que Dirceu seja mantido preso. Essas razões, segundo os procuradores, seriam a influência política que o ex-ministro ainda possui, exemplificada com a deleção de Fernando Moura, que disse ter sido “aconselhado” por Dirceu a deixar o país, e pelo recebimento de recursos mesmo quando estava preso. “São situações que podem se repetir, já que há recursos que ainda não foram rastreados, e que, portanto, podem originar novas denúncias”, destacou o procurador Roberson Pozzobon.
Na coletiva, também foi lembrado que o STF tem negado pedido de habeas corpus por “crimes menores”, logo a tendência é que sigam esse mesmo caminho no caso de Dirceu.
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