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| Foto: Paixão/Gazeta do Povo

O descontentamento público do Democratas com Michel Temer e seu grupo do PMDB pode custar votos ao presidente na luta para escapar de um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) por organização criminosa e obstrução de justiça. A manifestação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que há uma “rebelião” no seu partido contra os peemedebistas, pode tirar o apoio da legenda a Temer na segunda denúncia do ex-procurador-geral Rodrigo Janot que chegará na Câmara.

Um dos mais antigos deputados da bancada, José Carlos Aleluia (BA), da época do PFL, afirmou à Gazeta do Povo que o partido pode sim retaliar o tratamento que vem recebendo do PMDB. A causa desse racha entre Temer e Maia é a cooptação do PMDB sobre parlamentares que estavam negociando transferência para o DEM.

Perguntado se pode ter “troco” do Democratas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde passará a denúncia de Janot, Aleluia, que é titular nesse colegiado, deu uma resposta dura: “Sou engenheiro. E digo: a cada ação corresponde uma reação igual ou contrária”, disse.

“O relacionamento não está bom. Essas coisas têm que ser tratadas com muito cuidado. Sou o mais experiente da turma. Vejo com preocupação esse tipo de conflito. Mas o presidente Rodrigo Maia é uma liderança muito importante, tanto para o partido como para o governo”, completou Aleluia.

O líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), confirmou as queixas públicas feitas por Maia e acusou o PMDB de atitudes “mesquinhas” contra seu partido.

“Não estamos recebendo tratamento de aliado do PMDB. Seus gestos e atitudes são mesquinhas. Querem a agenda do partido seja maior que a do Brasil. Isso só fragiliza. Em vez de agregar, o PMDB agride seus aliados”, afirmou Efraim.

O Democratas tem uma bancada de 29 deputados. É a oitava maior da Casa. Desse total, 23 votaram a favor de Temer, pelo não prosseguimento da primeira denúncia de Janot, que acusou o presidente de corrupção passiva. Na CCJ, o DEM conta com quatro deputados titulares e quatro suplentes.

Mais cuidadoso, dado o seu papel de líder, Efraim diz que a denúncia será analisada com frieza e prevalecerá os fatos da acusação. “Na denúncia, vamos nos basear na lei, nos fatos e nas provas. Mas que o PMDB fez gerou um grande ruído, um grande desconforto. A relação está fragilizada”, disse o líder do partido.

Temer tenta colocar panos quentes em crise com Maia

Segundo o jornal Folha de São Paulo, Temer decidiu atuar pessoalmente para tentar contornar o mal-estar criado na relação com o presidente da Câmara. Ele telefonará nesta quinta-feira (21) para Maia a fim de explicar que houve um mal-entendido e para negar que o PMDB queira enfraquecer o DEM.

Para evitar que o episódio se agrave, o peemedebista pretende ainda convidá-lo para um encontro quando ele retornar a Brasília, provavelmente um jantar no Palácio do Jaburu.

Em conversas reservadas, o presidente tem reafirmado a importância da aliança entre o PMDB e o DEM e minimizado a chance de um eventual rompimento. Para assessores e auxiliares presidenciais, contudo, as críticas feitas por Maia causam estranheza, principalmente pelo tom de enfrentamento adotado.

Na saída de jantar na embaixada chilena, na quarta-feira (20), o parlamentar acusou o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) de atuarem para evitar o crescimento do DEM.

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