Depois de um ano “fraco” em comparação aos anteriores, a operação Lava Jato em Curitiba ainda não voltou às ruas depois do fim do recesso judiciário. A última fase deflagrada pela força-tarefa da Polícia Federal na capital paranaense, batizada de Sothis, ocorreu em novembro do ano passado. Já se passaram quase 90 dias sem que os agentes da PF fossem para as ruas novamente.
A pausa ainda não é a maior desde o início da operação. O intervalo máximo entre duas fases ocorreu justamente depois do recesso judiciário de 2016 para 2017: foram 96 dias entre a deflagração da operação O Descobridor, em novembro de 2016, e a deflagração da Blackout, no final de fevereiro do ano passado.
As pausas mais longas na virada de um ano para outro são comuns e ocorrem devido ao recesso, já que a Polícia Federal é uma polícia judiciária. Além disso, a deflagração de novas fases pela força-tarefa de Curitiba depende de decisões do juiz federal Sergio Moro, que geralmente entra em férias no final do ano.
Reforço
O ritmo mais lento da operação em 2017 também pode ter sido causado pelo fim da força-tarefa da Polícia Federal, que antes era exclusiva para os inquéritos da operação. Agora, a Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros é responsável pela condução das investigações, que ocorrem em paralelo a outras operações em curso no estado.
Em dezembro, o diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, prometeu um aumento no efetivo da Superintendência Regional da PF no Paraná. A promessa era que já no início do ano o número de agentes, peritos e delegados atuando na Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros passaria de 32 para 50.
A promessa, porém, ainda não foi cumprida. Segundo informações obtidas pela reportagem, há uma dificuldade em conseguir mais efetivo para atuar em Curitiba e por enquanto a Delegacia “se vira com o que tem”.
Novos rumos
Apesar de já ter deflagrado quase 50 fases, quase todas relacionadas aos desvios na Petrobras, a Lava Jato ainda garante que tem muito trabalho pela frente. Até agora, poucas diretorias foram alvo de investigações da PF. As empresas envolvidas no cartel também não foram investigadas em sua totalidade. Os investigadores também já prometeram olhar mais atentamente para o setor de Comunicação da estatal, que até agora não foi explorado na Lava Jato.
A PF também trabalha atualmente na perícia do “Drousys”, programa usado pela Odebrecht no departamento de propinas da empreiteira. O acesso ao sistema pode abrir novos focos de investigação em Curitiba.
A força-tarefa também aguarda atenta aos desdobramentos do julgamento no STF que pode limitar a prerrogativa de foro a políticos. O julgamento teve um pedido de vista do ministro Dias Toffoli, mesmo com a maioria formada a favor da restrição. Se esse for o entendimento final dos ministros, crimes cometidos antes do mandato poderão ser investigados em primeira instância e a expectativa dos investigadores de Curitiba é de que uma enxurrada de processos chegue às mãos da força-tarefa.
Ritmo
Ao longo do ano passado, a Lava Jato teve uma diminuição considerável no ritmo em Curitiba. Foram deflagradas dez fases da operação pela força-tarefa comandada pelo juiz federal Sergio Moro. Em 2016, foram deflagradas 16 fases – duas a mais que em 2015. No ano em que a operação foi inaugurada, 2014, foram sete fases.
Somente no Rio de Janeiro foram deflagradas 15 fases da Lava Jato no ano passado. O número é similar às fases deflagradas em 2015 e 2016 pela força-tarefa de Curitiba, quando foram presas figuras importantes para as investigações, como os executivos da Odebrecht, operadores financeiros e políticos. Também foi nesse período em que a PF aumentou o cerco contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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